Por Lucia Mutikani
WASHINGTON (Reuters) - Os preços ao produtor nos Estados Unidos registraram a maior queda em mais de cinco anos em janeiro devido à queda dos preços de energia, indicando uma inflação muito benigna no curto prazo que poderia servir de argumento contra a elevação da taxa de juros.
Outros relatórios publicados nesta quarta-feira sugeriram que a economia estava crescendo moderadamente no começo do primeiro trimestre. O início de construções de moradias caiu no mês passado, enquanto a produção industrial avançou.
"Os relatórios pintam um cenário decepcionante sobre a recuperação dos EUA, com o relatório de início de construções em particular reforçando a narrativa de que a recuperação no setor imobiliário pode estar com leves problemas", disse o vice-economista-chefe da TD Securities, Millan Mulraine.
O Departamento do Trabalho informou que seu índice de preços ao produtor para demanda final caiu 0,8 por cento, o maior recuo desde o início da série reformulada em novembro de 2009, após uma queda de 0,2 por cento em dezembro. Este foi o terceiro mês de queda para o índice.
Nos doze meses até janeiro, os preços aos produtores ficaram inalterados, a leitura mais fraca na base anual desde que os registros começaram em novembro de 2010, após subirem 1,1 por cento em dezembro.
Economistas consultados pela Reuters haviam projetado que o índice de preços ao produtor cairia 0,4 por cento no mês passado e subiria 0,3 por cento em comparação ao ano anterior.
Preços mais baixos de energia, contra um quadro de demanda global mais fraca e maior produção de xisto nos EUA, e um dólar em tendência de fortalecimento estão contendo as pressões inflacionárias domésticas.
"O fraco relatório do índice de preços ao produtor apresenta mais evidências de pressões desinflacionárias crescentes nos EUA, não apenas nos preços finais como também no núcleo de preços", disse Mulraine.
Embora o Federal Reserve, banco central dos EUA, que tem meta de inflação de 2 por cento, veja o ambiente de preços contido como transitório, sinais de que uma fraqueza movida por energia está afetando o núcleo de inflação pode causar desconforto entre algumas autoridades.
Uma importante medida das pressões fundamentais dos preços ao produtor, que exclui alimentos, energia e serviços comerciais, recuou um recorde de 0,3 por cento no mês passado após avançar 0,1 por cento em dezembro.
A maioria dos economistas espera que o Fed comece a elevar a taxa de juros em junho, citando condições de mercado rapidamente se apertando. O Fed tem mantido sua taxa de juros de curto prazo perto de zero desde dezembro de 2008.
A economia norte-americana ainda enfrenta obstáculos criados por um dólar mais forte e por mercados estrangeiros mais fracos, que pesam sobre exportadores. A produção industrial dos EUA subiu modestos 0,2 por cento em janeiro e ficou estável em dezembro, informou o Fed num relatório separado.
O Departamento do Comércio informou ainda que o início de construções de novas moradias caiu 2,0 por cento para um ritmo anual de 1,07 milhão de unidades em janeiro, em números ajustados sazonalmente.