BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira que es expectativas para a inflação no Brasil vêm piorando, e ressaltou que a autoridade monetária está "seguindo isso bastante de perto".
Em evento promovido pela Young Presidents’ Organization, Campos Neto afirmou que as projeções de mercado para a inflação de 2025 começaram a piorar recentemente, movimento que o BC está tentando entender.
"As expectativas de inflação vêm piorando, tanto as expectativas médias quanto longas vêm piorando", disse.
O mais recente Boletim Focus do Banco Central, que capta estimativas de agentes do mercado, aponta para uma inflação de 3,60% em 2025, contra 3,56% previstos uma semana antes e 3,51% um mês antes. A meta de inflação é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Para o presidente do BC, essa mudança pode ser explicada por percepções relacionadas ao preço de combustíveis, patamar do câmbio e nível dos juros nos Estados Unidos.
Campos Neto disse que a inflação no Brasil mantém trajetória de queda e destacou dados de março melhores do que o previsto, mas ponderou que a "última milha" da desinflação é mais difícil.
Falando logo após o IBGE mostrar que o IPCA-15 subiu menos do que o esperado pelo mercado em abril, o presidente do BC disse que o dado parecia positivo, mas precisava de melhor análise para ver os detalhes.
Campos Neto ponderou que a inflação de serviços subjacente segue em nível elevado, mostrando-se mais resiliente nos itens mais ligados ao mercado de trabalho. Ele demonstrou preocupação com o tema, destacando que dados fortes de emprego podem impactar os preços de serviços.
(Por Bernardo Caram; Reportagem adicional de Luana Maria Benedito)