Investing.com – Em meio à expectativa para novas pistas sobre o início dos cortes dos juros nos Estados Unidos, o mercado americano vai conhecer o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) na próxima terça-feira, 13. Apesar de não ser o indicador preferido do Federal Reserve, o Banco Central dos EUA, a leitura pode trazer mais informações para que o mercado precifique uma eventual flexibilização. A expectativa de consenso é de uma alta de 0,2% para o índice cheio e de 0,3% para o núcleo, que desconsidera itens voláteis.
Em dezembro, o índice cheio subiu 0,2% na base mensal (revisado de 0,3%), levando o indicador anual a 3,3% (revisados de 3,4%), ainda longe da meta de 2% do Fed. Enquanto isso, o núcleo teve variação mensal de 0,3%, acumulando 3,9% em doze meses.
O IPC tem apresentado aumentos mensais maiores do que o deflator PCE, “em grande parte devido ao peso crescente da habitação e dos veículos no rol de bens e serviços utilizado para calcular a taxa de inflação”, aponta o ING. “Os aluguéis estão desacelerando no mercado aberto, mas a forma como a série é construída no relatório do IPC significa que esses movimentos demoram muito para aparecer nos dados oficiais”.
É a primeira leitura de inflação de janeiro, recorda Felipe Sichel, economista-chefe de Porto Asset, o que traz mais anseios dos analistas. “Para essa leitura, estamos atentos a serviços médicos, uma métrica do CPI de moradia, que tem um peso muito grande dentro do indicador. Além disso, olhamos, na parte de bens, em relação a carros, veículos e em, serviços, de seguros automotivos. São fatores que podem gerar uma preocupação adicional no CPI, por exemplo nos serviços médicos estamos vendo leituras muito fortes relacionadas a uma alteração na metodologia”.
“A gente já tem visto uma desaceleração de preços de imóveis, o que é favorável, positivo, mas demora. Aluguéis são reajustados uma vez a cada ano, então essas coisas vão acontecendo. Serviços estão cedendo também”, completa William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue.
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Próximas decisões do Fed
Um dado mais forte do que o esperado por analistas pode levar a revisões nas expectativas de juros futuros nos próximos meses. A resiliência do emprego e do crescimento reduziram de forma significativa as probabilidades de uma diminuição das fed funds em março e, segundo o ING, mesmo maio já não representa a probabilidade de certeza que parecia há algumas semanas. A expectativa central é de que o Fed se mova neste primeiro semestre, destaca Sichel, que menciona as últimas falas cautelosas do chairman Jerome Powell sobre a importância de que os dados chancelem possíveis cortes. É preciso ter mais certeza de que os preços caem em uma trajetória sustentável. “Ele indica que não é preciso nem ter números tão bons quanto vieram até agora, basta que sigam nessa direção”.
Assim, a confirmação de uma trajetória de desinflação é importante para que a autoridade monetária se sinta mais confortável com o início dos cortes. “A trajetória de inflação tem sido benigna, com uma trajetória de desinflação acontecendo nos Estados Unidos em diferentes métricas, tanto pelo PCE quanto pelo IPC. Eu diria que uma coisa que ajuda bastante foi a questão das expectativas inflacionárias terem cedido bastante. A gente chegou na menor expectativa inflacionária desde janeiro de 2021”, Alves.
“A última coisa que o Fed quer fazer é errar novamente em um ponto de virada fundamental, afrouxar muito cedo, muito rapidamente e reacender as pressões inflacionárias. Quer ter a certeza de que os dados são totalmente consistentes com o regresso da inflação aos 2% e a sua permanência”, destaca o ING.
A medida de inflação preferida pelo Fed, o deflator do PCE, vem desacelerado, enquanto as pressões inflacionárias no mercado de trabalho são abrandadas, segundo o ING, mas o Fed estaria em busca de maior folga no mercado de trabalho, com uma moderação nas taxas de crescimento, ou o que pode ser chamado de pouso suave da economia. Na semana, vendas no varejo e produção industrial também trarão indicativos sobre a atividade.