O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto subiu 0,11%, variação 0,08 ponto percentual (p.p.) menor que a de julho (0,19%). O número ficou dentro do esperado pelo mercado, que trabalhava com 0,11% de alta. A variação acumulada no ano ficou em 2,54% e, nos últimos 12 meses, em 3,43%, acima dos 3,22% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores.Em agosto de 2018, a taxa havia sido de -0,09%. As informações são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IPCA é a inflação oficial usada pelo Banco Central (BC) em suas metas e para a definição da taxa de juros. A meta de inflação para este ano está em 4,25%, o mostra que há espaço para o BC continuar reduzindo os juros, hoje de 6% ao ano.
De julho para agosto, houve deflação em três dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, segundo o IBGE. As variações negativas mais intensas vieram dos grupos Alimentação e bebidas (-0,35%) e Transportes (-0,39%), que contribuíram com -0,09 ponto percentual e -0,07 ponto, respectivamente. Além disso, o grupo Saúde e cuidados pessoais também recuou (-0,03%), embora com menos intensidade que no mês anterior (-0,20%). No lado das altas, destaca-se o grupo Habitação (1,19%), principal impacto no IPCA de agosto (0,19 p.p.), cuja variação ficou próxima à de julho (1,20%). Os demais grupos ficaram entre as altas de 0,09% em Comunicação e de 0,56% em Artigos de residência, como mostra a tabela abaixo.
Índice Geral | 0,19 | 0,11 | 0,19 | 0,11 |
Alimentação e Bebidas | 0,01 | -0,35 | 0,00 | -0,09 |
Habitação | 1,20 | 1,19 | 0,19 | 0,19 |
Artigos de Residência | 0,29 | 0,56 | 0,01 | 0,02 |
Vestuário | -0,52 | 0,23 | -0,03 | 0,01 |
Transportes | -0,17 | -0,39 | -0,03 | -0,07 |
Saúde e Cuidados Pessoais | -0,20 | -0,03 | -0,02 | 0,00 |
Despesas Pessoais | 0,44 | 0,31 | 0,05 | 0,04 |
Educação | 0,04 | 0,16 | 0,00 | 0,01 |
Comunicação | 0,57 | 0,09 | 0,02 | 0,00 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços |
Tomate derruba inflação dos Alimentos
A queda em Alimentação e bebidas (-0,35%) deveu-se, especialmente, ao grupamento da alimentação no domicílio (-0,84%). A contribuição negativa mais intensa no grupo veio do tomate (-24,49% e -0,08 p.p. de impacto), cujos preços já haviam recuado em julho (-11,28%). Além disso, a batata-inglesa (-9,11%), as hortaliças e verduras (-6,53%) e as carnes (-0,75%) também recuaram em agosto, contribuindo para a variação negativa do grupo observada no mês. No lado das altas, os destaques foram as frutas (2,14%) e a cebola (7,05%), que contribuíram com impactos de 0,02 p.p. e 0,01 p.p., respectivamente.
Comer fora ficou mais caro
A alimentação fora, por sua vez, acelerou de julho (0,15%) para agosto (0,53%), influenciada pelas altas na refeição (0,52%) e no lanche (0,47%), item cujos preços haviam recuado no mês anterior (-0,34%).
Passagens e gasolina recuam e derrubam Transportes
Nos Transportes (-0,39%), o impacto negativo mais intenso (-0,08 p.p.) veio das passagens aéreas, que caíram 15,66%, após as altas de 18,90% e 18,63% em junho e julho, respectivamente. Quanto aos combustíveis (0,01%), a gasolina (-0,45%) e o óleo diesel (-0,76%) recuaram menos do que o mês anterior (-2,80% e -1,76%, respectivamente). Já o etanol, cujos preços haviam recuado 3,13% em julho, subiu 2,30% em agosto.
Ainda em Transportes, o resultado do item ônibus intermunicipal (0,38%) foi influenciado pelo reajuste médio de 4,48% nas passagens intermunicipais de longo curso em Porto Alegre (3,69%), vigente desde 1º de agosto.
Plano de saúde desacelera
Em Saúde e cuidados pessoais (-0,03%), houve desaceleração no item plano de saúde (de 0,79% em julho para 0,03% em agosto), decorrente da apropriação da fração mensal do reajuste de 7,35% autorizado, em 23 de julho, pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) com vigência retroativa a maio, a ser aplicado nos planos individuais novos – aqueles com contratos vigentes a partir de 1999. O resultado é a fração mensal do reajuste, descontando a variação apropriada nos meses de maio, junho e julho. Já o item higiene pessoal (-0,75%) teve queda menos intensa do que no mês anterior (-2,01%) e contribuiu com -0,02 p.p.
Energia elétrica segue pressionada
O maior impacto individual no IPCA de agosto veio do grupo Habitação (1,19%). O item energia elétrica, que já havia registrado alta de 4,48% no mês anterior, subiu 3,85%, contribuindo com 0,15 p.p. no índice do mês. Após a vigência, em julho, da bandeira tarifária amarela, que onera as contas de luz em R$ 1,50 a cada 100 quilowatts-hora consumidos, passou a vigorar, em agosto, a bandeira vermelha patamar 1, em que há cobrança adicional de R$ 4,00 para cada 100 quilowatts-hora consumidos.
Vitória e Salvador têm queda de preços
À exceção de Vitória (-8,64%) e Salvador (-1,37%), todas as demais regiões pesquisadas apresentaram variações positivas, que vão desde os 1,44% registrados em Campo Grande até os 9,01% observados em Fortaleza. Em Vitória, houve redução de 6,48% no valor das tarifas, a partir de 7 de agosto e, em Salvador, a variação negativa deveu-se à redução da alíquota de PIS/COFINS. Destacam-se também os reajustes de 1,94% nas tarifas em Belém (4,64%), vigente desde 7 de agosto, e de 7,03% nas tarifas de uma das concessionárias em São Paulo (5,06%), em vigor desde o dia 4 de julho.
Gás encanado sobe e botijão recua
Ainda em Habitação, o resultado do item gás encanado (0,46%) é consequência do reajuste de 0,99% nas tarifas no Rio de Janeiro (0,93%), vigente desde 1º de agosto. No que diz respeito ao item gás de botijão (-0,93%), ressalta-se que a Petrobras (SA:PETR4) anunciou uma redução de 8,17% no preço do botijão de gás de 13 kg, nas refinarias, a partir de 5 de agosto.
Água e esgoto em alta
O resultado da taxa de água e esgoto (1,34%), por sua vez, decorre da apropriação dos seguintes reajustes: Goiânia (0,35%) – reajuste de 5,79%, a partir de 1º de julho; Porto Alegre (0,23%) – reajuste de 7,69% nas tarifas de uma das concessionárias, a partir de 1º de julho; Belo Horizonte (8,13%) – reajuste de 8,73%, a partir de 1º de agosto; Vitória (4,59%) – reajuste de 4,93%, a partir de 1º de agosto; Recife (0,02%) – reajuste médio de 6,70%, vigente desde 12 de agosto.
Além disso, em Fortaleza (3,79%), houve redução, no dia 2 de julho, de 15,86% para 4,31%, do reajuste concedido inicialmente em fevereiro. No entanto, a partir do dia 9 de julho, a redução foi cancelada e o reajuste de 15,86% voltou a vigorar.
Inflação maior em Fortaleza e São Paulo
Quanto aos índices regionais, as maiores variações foram nas regiões metropolitanas de Fortaleza e de São Paulo, ambas com 0,33%. Esses dois resultados foram influenciados pela alta do item energia elétrica (9,01% em Fortaleza e 5,06% em São Paulo). O menor índice foi na região metropolitana de Vitória (-0,50%), também por conta da energia elétrica (-8,64%), em função da redução de 6,48% no valor das tarifas, vigente desde 7 de agosto
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