Por Lisa Maria Garza e Jonathan Spicer
DALLAS/NOVA YORK (Reuters) - O Federal Reserve está preparando o terreno para um aumento da taxa de juros dos Estados Unidos no final deste mês, com outro integrante do banco central norte-americano argumentando nesta quarta-feira que a força econômica interna e a estabilidade no exterior criaram uma janela para a alta.
"Eu acredito que a economia está forte o suficiente para que possamos administrá-la", disse o presidente do Fed da Dallas, Robert Kaplan, membro votante deste ano do comitê de política monetária. "Devemos começar o processo (de alta dos juros) mais cedo para que possamos garantir que seja gradual e paciente."
Os comentários foram os últimos em um período com uma concentração não usual de discursos de integrantes do Fed, com quatro dos cinco diretores do Fed - incluindo a presidente Janet Yellen - falando esta semana antes da reunião de 14 e 15.
Novas regras internas do Fed sobre comunicações públicas tornam a sexta-feira a última chance de direcionar as expectativas do mercado antes da próxima reunião do Fed.
No que parece ser uma mensagem coordenada, vários oradores do Fed nesta semana já conseguiram impulsionar a precificação do mercado de uma alta dos juros em março a 70 por cento, ante 20 por cento na semana passada.
Os comentários de Kaplan vieram depois que o presidente do Fed de Nova York, William Dudley, disse na terça-feira que a probabilidade de uma alta dos juros se tornou "muito mais atraente" e pelo presidente do Fed de San Francisco, John Williams, que no mesmo dia disse que não vê motivos para adiar o aumento dos juros.
A mensagem, juntamente com indicadores que mostram inflação e a atividade industrial mais fortes, reforçaram as apostas que o Fed fará em duas semanas o primeiro dos três aumentos de taxa que esperados para este ano.
A mensagem parece ter funcionado para alinhar os mercados financeiros com o Fed.
Isso não ocorreu nos últimos anos. As previsões após a alta da taxa de juros em dezembro 2015 apontavam que o Fed iria subir os juros quatro vezes em 2016. Ele promoveu apenas um aumento.
ESPERA POR TRUMP
O banco central norte-americano deixou a taxa de juros inalterada em sua reunião de janeiro, e não se esperava um movimento até maio ou junho, em parte porque se sabe muito pouco sobre os planos fiscais do presidente dos EUA, Donald Trump.
Mas vários integrantes do Fed agora dizem que o aperto adicional da política monetária é apropriado independentemente de qualquer impulso fiscal, já que a inflação acelerou um pouco e a economia se aproxima do objetivo do Fed de pleno emprego.
Aumentar a taxa de juros em março também dá espaço para o Fed promover mais elevações se a política da Trump reforçar o crescimento econômico, ou para fazer uma pausa se a economia desacelerar ou se as eleições europeias deste ano desestabilizarem os mercados.