Rio de Janeiro, 20 mar (EFE).- O presidente americano, Barack Obama, concluiu neste domingo uma visita de dois dias ao Brasil focada em assuntos econômicos e com o início da operação aliada "Odisseia do Amanhecer" na Líbia como pano de fundo.
Obama começou sua visita neste sábado em Brasília, onde foi recebido com pompa pela presidente brasileira, Dilma Rousseff, e a encerrou neste domingo no Rio de Janeiro com um discurso no Theatro Municipal, no qual exaltou o Brasil como "exemplo" de transição entre a ditadura e uma democracia próspera.
Em Brasília, Obama se reuniu com Dilma, com quem analisou assuntos políticos e econômicos de interesse bilateral e mundial, e posteriormente os dois governantes fizeram uma declaração conjunta à imprensa.
Na declaração, Obama afirmou que apoia "com entusiasmo" o crescimento econômico do Brasil, enquanto Dilma declarou que para que as relações econômicas sejam "mais justas e equilibradas" é necessário "que se derrubem as barreiras levantadas" a produtos brasileiros como o etanol, a carne bovina, o algodão, o suco de laranja e o aço.
A presidente insistiu em uma reforma do Conselho de Segurança da ONU que inclua o Brasil como membro permanente, aspiração que ficou restrita de maneira geral ao comunicado conjunto da reunião e pela qual Obama expressou sua "apreciação".
Em seguida, o chefe da Casa Branca se dirigiu aos participantes de um fórum empresarial, no qual disse que para o Brasil o "futuro chegou" e que o país ocupa um "lugar proeminente no mundo como grande potência econômica e financeira".
O presidente enfatizou a riqueza petrolífera que o Brasil descobriu em águas profundas do Atlântico, nas jazidas conhecidas como pré-sal, nas quais a Petrobras estima que haja reservas próximas aos 80 bilhões de barris.
"Queremos ajudá-los com tecnologia e apoio para explorar estas reservas petrolíferas de maneira segura e, quando estiverem prontos para começar a vender, queremos ser um de seus melhores clientes", declarou.
A importância que Obama dá ao país foi corroborada quando afirmou que "é hora de os Estados Unidos tratarem suas operações econômicas no Brasil com a mesma seriedade que realizam suas transações com Índia e China".
A visita a Brasília esteve marcada, no entanto, pelo conflito na Líbia, depois que as grandes potências começaram os bombardeios ao país norte-africano para impor uma zona de exclusão aérea a fim de proteger os civis dos ataques do regime de Muammar Kadafi.
"Hoje autorizei as Forças Armadas dos Estados Unidos a lançarem uma ação limitada contra a Líbia", disse o governante, que ressaltou que essa medida "não é algo" que os Estados Unidos ou seus aliados tenham "procurado".
O presidente seguiu depois ao Rio de Janeiro, onde neste domingo teve uma agenda mais informal.
Em primeiro lugar, foi à Cidade de Deus, onde assistiu com sua esposa Michelle e suas duas filhas a uma apresentação de samba, maracatu, funk e capoeira com jovens do bairro.
Encorajado pelo ritmo e pela destreza dos jovens cariocas, o governante movimentou a cabeça ao som dos tambores e se uniu a um grupo de crianças que faziam passes com uma bola de futebol.
Ao terminar o ato, Obama cumprimentou de longe dezenas de moradores da favela que se esforçavam para vê-lo de suas janelas apesar do rigoroso esquema de segurança montado para sua proteção.
Obama foi depois ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde proferiu o esperado discurso ao povo brasileiro, que esteve centrado na lutas pela democracia em vários países árabes.
"Ninguém sabe com segurança como vai terminar esta mudança (no Oriente Médio), mas sei que não é algo que devamos temer. Quando os homens e as mulheres reivindicam pacificamente seus direitos humanos, nossa própria humanidade se vê melhorada", declarou.
O presidente dos EUA acrescentou que "quando se acende a luz da liberdade, o mundo se transforma em um lugar mais brilhante" e afirmou que "este é o exemplo do Brasil".
"O Brasil é um país que mostra que uma ditadura pode se transformar em uma democracia pujante, um país que prova que a democracia semeia tanto liberdade como oportunidades para seu povo", manifestou.
Obama deve visitar ainda neste domingo a principal atração turística do Rio de Janeiro, o Cristo Redentor, e passar a noite na cidade para nesta segunda-feira viajar ao Chile e depois a El Salvador, os outros dois países incluídos em sua viagem latino-americana. EFE