Investing.com – A alimentação deve seguir no radar dos economistas na próxima divulgação da inflação ao consumidor brasileira, segundo especialistas consultados pelo Investing.com Brasil. O dado oficial do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro deve ser divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, 08, com expectativas consensuais em torno de 0,34%, levando o indicador em doze meses para 4,42%.
Com processo de desinflação em curso, o Banco Central estará atento à primeira divulgação do ano, enquanto prevê a continuidade do ritmo de cortes na taxa de juros básica da economia brasileira, a Selic, em meio ponto percentual, para as próximas reuniões.
Em dezembro, o IPCA registrou acréscimo de 0,56% e, assim, a inflação oficial do país fechou o ano em 4,62%, acima do centro da meta de 3,25%, mas abaixo da banda superior, que inclui um adicional de 1,5 ponto percentual, para 4,75%. Para este ano, no entanto, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu que o centro da meta é 3%, com as mesmas faixas de limite para mais ou para menos.
Na prévia de metade do mês de janeiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) subiu 0,31%, puxado por alimentação e bebidas, que subiu 1,53%. Enquanto isso, a grande influência negativa foi a passagem aérea, que caiu 15,24%.
Segundo o banco BTG (BVMF:BPAC11), a divulgação “ajudará a orientar o mercado após resultado mais benigno do headline do IPCA-15, mas com composição negativa”, apontou em relatório divulgado aos clientes e ao mercado, indicando riscos altistas para alimentação no domicílio.
Alimentação pressiona
Marcela Kawauti, economista da Lifetime Asset, projeta um indicador mensal de 0,37%. “Na minha projeção eu não coloquei uma queda de passagem aérea tão grande quanto a vista no IPCA-15 porque provavelmente isso é algo que é passageiro, que não vamos ver de forma recorrente, e os preços de alimentação continuam pressionando”. A economista menciona como gatilhos que podem levar um número mais alto uma variação maior tanto em combustível quanto em alimentação.
Rafael Costa, analista e integrante do time de estratégia macro da BGC Liquidez, espera um avanço mensal de 0,36% no indicador. Além da alimentação, o especialista elenca a leitura dos serviços subjacentes como fator de atenção.
“Os preços da alimentação (em especial in natura), que em geral já apresentam sazonalidade inflacionária altista nessa época do ano, parecem estar ainda mais pressionados devido aos efeitos altistas associados ao fenômeno climático El Niño”, pontua Costa, ponderando que a inflação fora do domicílio teve tendências mais favoráveis.
“Algumas das leituras dos núcleos da inflação estão poluídas devido ao efeito baixista da passagem aérea (item especialmente volátil do IPCA), de forma que é necessário bastante cautela na análise dessas medidas da inflação”, conclui o especialista.
Próximas leituras
Considerando os efeitos internacionais da escalada de tensões no Oriente Médio, Kawauti destaca que apesar da alta nos fretes no mês de janeiro, ainda não houve uma variação representativa nos preços de atacado e varejo – situação que pode mudar em fevereiro e deve ser um ponto de atenção.
Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, os dirigentes demonstraram preocupação com as pressões na inflação de serviços e quanto ao cenário internacional, o que demandaria cautela na definição dos juros de países latino-americanos, conforme o documento.
Como escolher os melhores ativos em meio ao ciclo de queda nos juros? Confira os destaques do InvestingPRO. Assine com desconto de 10% com o cupom INVESTIR.