Investing.com – Em meio ao processo de cortes na taxa de juros, o mercado estará atento à próxima divulgação de dados da inflação no país. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) detalha as informações sobre o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nesta sexta-feira. A expectativa consensual é de que o indicador atinja 0,28% em outubro na base mensal, levando a inflação em doze meses de 5,19% para 4,86%. Em setembro de 2023, o IPCA foi de 0,26%.
André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, cita eventuais riscos inflacionários daqui para frente que podem afetar a política monetária, incluindo a continuidade dos efeitos do El Niño e guerras em curso, que podem trazer mais oscilações para preços de commodities.
No entanto, no Brasil, o cenário é de desaceleração dos preços, ainda que o momento seja de virada para os dados relacionados à alimentação, que devem começar a subir ou cair em menor ritmo, em sua visão.
“Aparentemente, a reversão de queda do preço dos alimentos será suavizada por um movimento de deflação dentro do grupo de transportes”, acredita o economista.
Já o grupo de transportes, que variou fortemente ao longo dos últimos meses, passaria por uma normalização dos impostos sobre os combustíveis.
“Por outro lado, os indicadores de alta frequência mostram reversão da tendência de preço dos combustíveis. Então o Brasil pode ser ajudado a partir de agora por uma certa acomodação dos preços dos combustíveis, que pode ajudar nesse processo de desinflação que deve prevalecer ao longo dos próximos meses”, completa Galhardo.
BLACK FRIDAY Antecipada: Tenha mais desconto no plano bianual com cupom “investirmelhor”
O C6 Bank estima uma variação de 0,30% para o indicador. Claudia Moreno, economista do C6, aponta como principal alta as passagens aéreas, enquanto na outra ponta, o leite deve apresentar forte deflação.
“A gasolina também está ajudando um pouco em função do reajuste da Petrobras (BVMF:PETR4), que reduziu o preço da gasolina, o que deve contribuir de forma ligeiramente negativa”.
A economista enxerga uma inflação de serviços ainda resiliente. “O Banco Central olha justamente os núcleos e a inflação de serviços”, lembra a economista.
O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, projeta 0,25% para outubro, com câmbio mais próximo de R$5 aliviando preços de tradeables, em seu entendimento. “A queda recente do setor de serviços e atividade um pouco mais fraca em agosto e setembro pode ter aliviado o preço de serviços. O preço da gasolina também pode contribuir”.
Flávio Basílio, doutor em Economia e professor da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília elenca quatro principais fatores que irão influenciar a dinâmica da inflação: política fiscal, política monetária, ambiente externo, com guerra Ucrânia e no Oriente Médio, e efeitos climáticos do El Niño.
O professor recorda que a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central mostrou que os juros devem permanecer em queda, com o mercado esperando uma convergência da Selic para 9,25% no final de 2024.
“Essa dinâmica só deve sofrer alteração se a política fiscal mudar os rumos da sua condução e se o novo marco fiscal não for cumprido. No momento, não temos elementos para esperar esse cenário. Portanto, a inflação deve permanecer sob controle e ligeiramente acima do centro da meta”, acredita.
Último Boletim Focus divulgado na segunda, 06, pelo Banco Central mostra que os economistas consultados pela autoridade monetária projetam inflação a 4,63% ao final deste ano, com Selic a 11,75%.