Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A inflação oficial do Brasil acelerou em julho sob o peso da energia elétrica, mas ainda assim foi o resultado mais baixo para o mês em cinco anos e permanece em níveis confortáveis para o Banco Central continuar reduzindo os juros à frente.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,19% em julho, após variação positiva de 0,01% em junho, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.
Este é o resultado mais fraco para o mês desde 2014, quando foi registrada inflação de 0,01%.
"Há de se lembrar que o poder de compra das pessoas continua apertado e comprometido. O endividamento segue alto e a inserção no mercado de trabalho não estimula muito o consumo", destacou o economista do IBGE Fernando Gonçalves.
Nos 12 meses até julho, o IPCA passou a acumular alta de 3,22%, sobre 3,37% no mês anterior, no menor nível desde maio de 2018 e permanecendo bem abaixo da meta para este ano de 4,25% com variação de 1,5 ponto percentual.
As expectativas em pesquisa da Reuters eram de avanço de 0,24% na base mensal, acumulando em 12 meses alta de 3,28%.
O destaque no mês foi o grupo Habitação, com impacto de 0,19 ponto percentual ao subir 1,20%, sobre variação positiva de 0,07% em junho. O peso maior foi da energia elétrica, com as contas de luz subindo 4,48%.
"Houve uma forte pressão da energia elétrica agora e isso já está virando um padrão, algo sazonal. Escolas em fevereiro e energia no meio do ano", disse Gonçalves.
Já o grupo Alimentação e bebidas, com importante influência nos bolsos dos consumidores, teve variação positiva de 0,01% em julho, depois de recuar 0,25% no mês anterior.
Por outro lado, Vestuário (-0,52%), Saúde e cuidados pessoais (-0,20%) e Transportes (-0,17%) apresentaram deflação em julho.
O BC reduziu neste mês a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, à nova mínima histórica de 6% ao ano, e indicou que o processo de afrouxamento poderá seguir adiante em meio à fraqueza econômica, inflação bem comportada, melhora no ambiente externo e avanço da reforma da Previdência.