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IPCA sobe mais que o esperado e tem maior nível em um ano em fevereiro por peso de Educação

Publicado 12.03.2024, 09:02
Atualizado 12.03.2024, 09:45
© Reuters. Escola em São Paulo
18/10/2021. REUTERS/Carla Carniel

Por Camila Moreira

SÃO PAULO (Reuters) - A inflação brasileira acelerou mais do que o esperado em fevereiro e atingiu o nível mais alto em um ano diante da pressão sazonal dos custos da educação, embora o aumento dos preços dos alimentos tenham arrefecido.

Em fevereiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,83%, acelerando a alta de 0,42% em janeiro e acima da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,78% no mês.

Com o resultado divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA acumula nos 12 meses até fevereiro alta de 4,50%, de 4,51% em janeiro. A expectativa era de um aumento de 4,44%.

Isso deixa a inflação em 12 meses exatamente no teto da meta para a inflação, cujo centro para este ano é de 3,0%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

No mês o maior impacto foi exercido pelo grupo de Educação, com alta de 4,98%, em um movimento sazonal de início de ano. A maior contribuição nesse segmento partiu dos cursos regulares, cujos custos avançaram 6,13% no mês.

As maiores altas nos preços vieram do ensino médio (8,51%), do ensino fundamental (8,24%), da pré-escola (8,05%) e da creche (6,03%). Também houve aumento na inflação do curso técnico (6,14%), ensino superior (3,81%) e pós-graduação (2,76%).

Isso ajudou a inflação de serviços a disparar a 1,06% em fevereiro, de uma variação positiva de 0,02% no mês anterior, acumulando em 12 meses alta de 5,25%.

Embora a alta de educação seja sazonal, os custos de serviços vêm sendo acompanhados de perto pelo Banco Central para a condução da política monetária, em um ambiente de mercado de trabalho resiliente que tende a elever os gastos dos consumidores.

Na semana passada, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou esse é um ponto de atenção, ponderando que o cenário no país ainda é benigno apesar de números marginalmente piores no setor.

O Banco Central volta a se reunir na semana que vem sob a expectativa de novo corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros Selic, atualmente em 11,25% ao ano.

Ainda em fevereiro a inflação de Alimentação e bebidas desacelerou a 0,95%, de 1,38% em janeiro, mas ainda exerceu o segundo maior impacto no índice do mês. Os preços da alimentação no domicílio subiram 1,12%, com altas da cebola (7,37%), da batata-inglesa (6,79%), das frutas (3,74%), do arroz (3,69%) e do leite longa vida (3,49%).

"Neste caso, houve influência do clima, por conta de temperaturas mais elevadas e um maior volume de chuvas”, explicou o gerente da pesquisa, André Almeida.

© Reuters. Escola em São Paulo
18/10/2021. REUTERS/Carla Carniel

O grupo Transportes também pressionoou a inflação de fevereiro com uma alta de 0,72%, após queda de 0,65% no mês anterior. O recuo de 10,71% das passagens áreas foi compensado pelo aumento de 2,93% nos preços dos combustíveis. Todos eles subiram --etanol (4,52%), gás veicular (0,22%), óleo diesel (0,14%) e gasolina (2,93%).

O índice de difusão, que mostra o espalhamento das variações de preços, teve em fevereiro queda a 57%, de 65% antes.

Pesquisa Focus mais recente divulgada pelo Banco Central nesta terça-feira mostra que a expectativa do mercado é de que o IPCA encerre este ano com alta acumulada de 3,77%.

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