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IPCA sobe mais do que o esperado em setembro mas ainda pode fechar o ano abaixo da meta

Publicado 06.10.2017, 10:10
© Reuters. Consumidora passa por cartazes com preços de produtos em mercado no Rio de Janeiro

Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A inflação oficial do Brasil avançou mais do que o esperado em setembro, pressionada principalmente pelos preços dos combustíveis, mas permaneceu no caminho para terminar o ano abaixo do piso da meta pela primeira vez.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,16 por cento no mês passado, contra alta de 0,19 por cento em agosto, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira. A expectativas em pesquisa da Reuters para era de alta de 0,09 por cento.

Nos 12 meses até setembro, a alta do IPCA chegou a 2,54 por cento, acima dos 2,46 por cento até agosto e da expectativa de 2,47 por cento na pesquisa. Mesmo assim, ainda continuou abaixo do piso da meta oficial de inflação para este ano, de 4,5 por cento com margem de 1,5 ponto percentual.

"Ainda há o risco de a inflação terminar o ano abaixo do piso da meta... O dado do IPCA de setembro não altera o cenário prospectivo de inflação, rodando abaixo do centro da meta por um longo tempo", afirmou o estrategista-chefe do banco Mizuho, Luciano Rostagno.

Segundo o IBGE, os combustíveis e as passagens aéreas exerceram a maior pressão de alta no IPCA em setembro, ao subirem respectivamente 1,91 e 21,9 por cento. Com isso, o grupo Transporte registrou alta de 0,79 por cento no mês.

Já os preços de Habitação recuaram 0,12 por cento, contra alta de 0,57 por cento no mês anterior. Isso porque a conta da energia elétrica ficou em média 2,48 por cento mais barata devido à entrada em vigor da bandeira tarifária amarela no mês.

Em outubro, no entanto, esse segmento deve exercer pressão de alta, já que começou a valer a bandeira tarifária vermelha nível 2, a mais alta.

© Reuters. Consumidora passa por cartazes com preços de produtos em mercado no Rio de Janeiro

O grupo Alimentação e Bebidas apresentou deflação pelo quinto mês seguido, de 0,41 por cento em setembro, porém o ritmo foi mais fraco do que a queda de 1,07 por cento vista em agosto. Ficaram mais caras principalmente as carnes e as frutas.

"O que vem pressionando (para baixo) a alimentação é a supersafra de 2017, que influencia nos preços dos alimentos em domicílio. Boa parte da safra já foi colhida, mas ela é muito grande e nem tudo foi escoado ainda", explicou o gerente do IBGE para o IPCA, Fernando Gonçalves.

A inflação baixa dá espaço para o Banco Central manter seu ciclo de redução dos juros básicos, hoje em 8,25 por cento ao ano. A expectativa em geral é de corte de 0,75 ponto percentual da Selic neste mês e, na pesquisa Focus realizada pelo BC com uma centena de economistas, é de que ele feche o ano 7 por cento, com alta do IPCA em 2,95 por cento.

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