Por Rodrigo Viga Gaier e Patricia Duarte
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A inflação oficial no Brasil acelerou em julho, acima do esperado puxada pela alta elevada nos preços dos alimentos, mantendo pouco espaço para o Banco Central reduzir os juros no curto prazo.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,52 por cento em julho, depois de ter avançado 0,35 por cento no mês anterior, informou nesta quarta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 12 meses até o mês passado, a alta acumulada foi de 8,74 por cento, abaixo dos 8,84 por cento no período até junho.
As expectativas em pesquisa da Reuters com economistas eram de que o IPCA mostrasse alta mensal de 0,45 por cento e de 8,66 por cento em 12 meses.
Ainda refletindo significativas altas nos preços do leite e do feijão, o grupo Alimentação e Bebidas subiu 1,32 por cento no mês passado, a mais elevada variação para julho desde 2000 (1,78 por cento), após ter subido 0,71 por cento em junho.
Com isso, o grupo foi responsável sozinho por 0,34 ponto percentual para do IPCA todo em julho, quando os preços do leite subiram 17,58 por cento. Já o preço do feijão-carioca subiu 32,42 por cento no período.
Na ponta oposta, apenas os grupos Vestuário e Habitação mostraram queda nos preços em julho, de 0,38 e 0,29 por cento, respectivamente.
O Banco Central conduzido por Ilan Goldfajn vem reforçando seu compromisso em levar a inflação ao centro da meta em 2017 e, consequentemente, afirmando que não há espaço para corte da Selic --em 14,25 por cento há mais de um ano-- no curto prazo.
Conforme o BC segue reforçando sua postura dura no combate à inflação, as projeções do mercado para a alta do IPCA no próximo ano vêm recuando e estão agora em 5,14 por cento, segundo a mais recente pesquisa Focus do BC, que ouve semanalmente uma centena de economistas.