Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A inflação oficial do Brasil atingiu o menor nível para janeiro desde a criação do Plano Real e em 12 meses recuou com força abaixo de 6 por cento, resultados abaixo do esperado que pavimentam o caminho para que o Banco Central corte ainda mais os juros básicos da economia em meio ao cenário de atividade ainda fraca.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,38 por cento em janeiro, depois de ter fechado dezembro com alta de 0,30 por cento, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira. Essa é a leitura mais baixa para o mês desde 1994.
Em 12 meses a alta foi de 5,35 por cento, menor nível desde setembro de 2012 (5,28 por cento) e contra 6,29 por cento em 2016 fechado. Com isso, o índice caminha para o centro da meta oficial, de 4,5 por cento com tolerância de 1,5 ponto percentual.
Os resultados ficaram abaixo das expectativas em pesquisa da Reuters, de avanço de 0,44 por cento em janeiro, acumulando alta de 5,41 por cento em 12 meses.
O grupo Vestuário foi o que mais contribuiu para a desaceleração da inflação no mês passado, com queda nos preços de 0,36 por cento e impacto negativo de 0,02 ponto percentual no IPCA.
Os preços do grupo Transportes também foram destaque, com desaceleração da alta a 0,77 por cento em janeiro, sobre 1,11 por cento em dezembro.
Já o grupo Alimentação e bebidas, que tem importante peso sobre a renda das famílias, viu o avanço dos preços acelerar para 0,35 por cento no início do ano, contra 0,08 por cento em dezembro.
O BC vem observando com atenção a inflação de serviços para a condução da política monetária e, em janeiro, ela desacelerou com força a 0,36 por cento, sobre 0,65 por cento em dezembro.
Com a recessão econômica no país e a queda da Selic, as projeções para a inflação este ano vêm se aproximando do centro da meta. Economistas consultados na pesquisa Focus do próprio BC passaram a ver alta de 4,64 por cento do IPCA este ano.
Segundo o presidente do BC, Ilan Goldfajn, a política monetária tem sido efetiva em conter a inflação e ancorar as expectativas. A taxa básica de juros já foi reduzida para 13 por cento e a expectativa é de novo corte de 0,75 ponto percentual na Selic este mês. Para o ano, a expectativa é de que ela feche em um dígito, a 9,50 por cento.