SÃO PAULO (Reuters) - A prévia da inflação oficial recuou em setembro pelo terceiro mês seguido, diante de ligeira queda nos preços de alimentos e alta menos acentuada de Habitação, e parou de subir no acumulado em 12 meses.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou alta de 0,39 por cento em setembro, após subir 0,43 por cento em agosto, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.
No acumulado em 12 meses até setembro, o IPCA-15 repetiu a taxa de 9,57 por cento do mês anterior, mantendo-se no nível mais elevado desde dezembro de 2003, bem acima da meta de 4,5 por cento com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou menos.
Pesquisa da Reuters apontava expectativas de alta de 0,38 por cento na base mensal e de 9,56 por cento em 12 meses.
Em setembro, o grupo Alimentação e Bebidas teve queda de 0,06 por cento, após alta de 0,45 por cento no mês anterior, representando um impacto de -0,02 ponto percentual no índice.
Já a alta de Habitação desacelerou a 0,68 por cento neste mês, contra 1,02 por cento em agosto, diante da queda de 0,37 por cento no preço da energia elétrica devido às reduções na parcela do PIS/COFINS.
Por outro lado, o IBGE informou que passagens aéreas, com alta de 23,17 por cento, e gás de botijão, que subiu 5,34 por cento, foram responsáveis por um terço do índice do mês, contribuindo com 0,13 ponto percentual no total.
Devido às passagens aéreas, o grupo Transporte foi o que registrou a maior variação, de 0,78 por cento.
A projeção de economistas na pesquisa Focus do Banco Central é de que o IPCA encerrará este ano com alta de 9,34 por cento. E as estimativas para 2016 vêm piorando e agora são de avanço de 5,70 por cento.
As pressões inflacionárias continuam diante da forte alta do dólar --que rompeu a barreira dos 4 reais na abertura dos negócios desta terça-feira-- e da turbulência política.
O Banco Central, que interrompeu o ciclo de aperto monetário iniciado em outubro de 2014 ao manter a Selic em 14,25 por cento ao ano, alterou sua avaliação e agora considera que o cenário de convergência da inflação a 4,5 por cento pelo IPCA no final de 2016 tem se mantido "apesar de certa deterioração no balanço de riscos". Antes via fortalecimento desse cenário.
Diante disso reforçou a mensagem sobre a necessidade de uma postura vigilante em meio ao período de ajustes na economia que pode ser mais longo e mais forte.
(Por Camila Moreira)