SÃO PAULO (Reuters) - A prévia da inflação oficial do Brasil foi mais fraca do que esperado em fevereiro diante da queda dos preços da energia elétrica e ficou ainda mais abaixo da meta do governo em 12 meses, mantendo a porta aberta para as apostas de novo corte da taxa básica de juros pelo Banco Central em março.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,38 por cento em fevereiro depois de avançar 0,39 por cento em janeiro, informou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Essa é a segunda leitura mais fraca para o mês de fevereiro desde a implantação do Plano Real, em 1994, e frustrou a expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,42 por cento.
Com esse resultado, o IPCA-15 acumulou em 12 meses alta de 2,86 por cento, sobre 3,02 por cento no mês anterior, voltando a ficar abaixo do piso da meta de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
A expectativa para o dado era de avanço de 2,89 por cento nos 12 meses até fevereiro.
A responsabilidade pela fraqueza do ritmo de alta dos preços recai principalmente sobre as tarifas elétricas, que em fevereiro recuaram 2,99 por cento diante da bandeira tarifária verde, que não gera cobranças adicionais.
Isso levou o grupo Habitação a acelerar a deflação a 0,51 por cento em fevereiro, de queda de 0,41 por cento em janeiro
O outro grupo que apresentou queda nos preços foi o de Vestuário, de 0,73 por cento, após alta de 0,36 por cento no mês anterior.
A pressão dos preços de Alimentação e Bebidas também diminuiu, com alta desacelerando a 0,13 por cento, sobre 0,76 por cento, no mesmo período. Segundo o IBGE, o preço da batata-inglesa e das carnes recuou, respectivamente, 3,50 e 0,70 por cento após a alta de 11,70 e 1,53 por cento em janeiro.
Na outra ponta, os preços do grupo Educação saltaram 4,01 por cento em fevereiro, sobre alta de 0,28 por cento antes, movimento sazonal que reflete os reajustes do ano letivo, destacadamente a alta de 5,24 por cento nas mensalidades dos cursos regulares, segundo o IBGE.
As pressões inflacionárias seguem contidas com o desemprego e a alta capacidade ociosa das empresas, o que pode levar a mais um corte da taxa básica de juros em março.
Depois de cortar a Selic à nova mínima recorde de 6,75 por cento no início deste mês, o BC optou por indicar o fim do ciclo de afrouxamento monetário no caso de o cenário evoluir conforme o esperado, mas manteve espaço para uma queda "moderada" adicional nos juros caso haja alteração nesse quadro.
O mercado de juros futuros mostrava apostas de cerca de 60 por cento de novo corte de 0,25 ponto percentual na Selic em março, próximo encontro do BC sobre a taxa.
(Por Camila Moreira; Edição de Patrícia Duarte)