Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - A prévia da inflação oficial brasileira desacelerou a 0,59 por cento em julho, com destaque para o impacto menor dos preços de Transportes, mas em 12 meses ultrapassou 9 por cento pela primeira vez em 11 anos e meio.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) acumulou em 12 meses até julho avanço de 9,25 por cento, contra 8,80 por cento no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.
O resultado em 12 meses é o mais alto desde dezembro de 2003, última vez que ficou na casa dos 9 por cento, a 9,86 por cento.
Já a taxa mensal, embora tenha mostrado desaceleração após alta de 0,99 por cento em junho, é a mais elevada para o mês de julho desde 2008 (+0,63 por cento).
Os resultados ficaram em linha com as expectativas de economistas consultados em pesquisa da Reuters, de alta de 0,59 por cento na comparação mensal e de 9,23 por cento na base anual, segundo a mediana das projeções.
Segundo o IBGE, o grupo Transportes desacelerou a alta a 0,14 por cento em julho após 0,85 por cento no mês anterior, com as passagens aéreas subindo no mês 0,91 por cento após alta de 29,54 por cento em junho.
Por outro lado, o grupo com maior variação e impacto no mês foi Habitação, com alta nos preços de 1,15 por cento após 1,03 por cento no mês anterior, e impacto de 0,18 ponto percentual. O destaque mais uma vez foi a energia elétrica, que subiu 1,91 por cento em julho e representou o maior impacto individual no índice, de 0,07 ponto percentual.
Já Alimentação e Bebidas, embora tenha reduzido a alta em julho a 0,64 por cento sobre 1,21 por cento, ainda registrou o segundo maior impacto, de 0,16 ponto.
Embora a inflação siga persistentemente alta sob o peso principalmente dos preços administrados, a desaceleração da taxa mensal pode abrir caminho para alta menor da taxa básica de juros na reunião da próxima semana do Comitê de Política Monetária (Copom), como aponta o mercado futuro de juros.
A pesquisa Focus do BC mostra expectativa de elevação da Selic --atualmente em 13,75 por cento-- em mais 0,50 ponto percentual, mas o mercado futuro de juros já vem há algum tempo apontando chances majoritárias de 0,25 ponto.
O Focus mostra ainda que a expectativa é de que o IPCA encerre este ano a 9,15 por cento, mas para 2016 as projeções vêm caindo, e a estimativa agora é de alta de 5,40 por cento. A meta do próximo ano é de 4,5 por cento, com margem de dois pontos para mais ou menos.