Investing.com - Na próxima quarta-feira, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) anuncia o resultado da segunda reunião do ano, a primeira sob o comando do novo presidente Roberto Campos Neto. Na visão do Itaú Unibanco, a taxa Selic deve mantida em 6,5%, levando em consideração as projeções de inflação ancoradas em torno das respectivas metas até 2021, em um contexto em que o nível de capacidade ociosa na economia permanece elevado.
O Itaú (SA:ITUB4) entende que comitê deve enfatizar que a condução da política monetária se manterá vigilante e que preservará sua flexibilidade para reagir a desvios com relação ao seu cenário base. Para a equipe do banco, os desvios podem decorrer, principalmente, de frustrações com a atividade econômica que pressionem a trajetória de inflação para abaixo das metas, bem como pressões globais e riscos de frustração com reformas que venham a atuar em sentido oposto.
Eles destacam que o comunicado e a ata da reunião do Copom de fevereiro apontavam para trajetória inflacionária prospectiva mais benigna, com projeções que são consistentes com a trajetória de metas em horizontes mais longos. Adicionalmente, o comitê avaliou que seu balanço de riscos segue assimétrico para o lado inflacionário, mas tem se deslocado em direção à neutralidade, principalmente devido ao ambiente externo, que agora contempla uma possível intensificação da desaceleração global.
Para o Itaú, não seria surpreendente, dados os discursos recentes de novos membros, que o Copom destaque o quadro de recuperação aquém do esperado da atividade econômica. Apesar disto, o banco entende que o comitê continuará sinalizando um balanço de riscos mais assimétrico para o lado inflacionário, já que este quadro pode ser rapidamente alterado, para pior, caso a reforma previdenciária não avance no ritmo e na intensidade esperados.
Goldman Sachs
A equipe de economistas do Goldman Sachs também não prevê cortes na taxa básica de juros na reunião de quarta-feira do Copom. A expectativa dos analistas do banco é a suavização do comunicado da reunião e dos próximos passos da política monetária devido à continuação de um cenário inflacionário benigno, fracos dados do mercado do trabalho e elevado nível de capacidade ociosa, especialmente na indústria. Em relação aos riscos inflacionários, o Copom deverá anunciar riscos levemente favoráveis à inflação, ao menos próximo ao neutro, mudando a postura de reuniões anteriores, em que apontava que os riscos de elevação inflacionária mesmo ante à atividade econômica fraca.
Os analistas do Goldman Sachs também acreditam na continuidade do Copom se manter atrelado às variáveis de dados macroeconômicos para condução da política monetária.
Focus
Mais cedo, o Banco Central (BC) divulgou a edição do relatório Focus da semana apontando para uma nova leve elevação do IPCA no fechamento de 2019 indo de 3,87% para 3,89%. Para a taxa de câmbio, a moeda deve fechar o ano a R$ 3,70, mesmo patamar em relação à estimativa anterior.
Depois de fechar 2018 a 6,50%, a projeção de 2019 foi mais uma vez mantido em 6,50% ao ano, reforçando a tendência de que o BC não deve mexer nos juros neste ano. Já para 2020, a aposta foi reduzida de 8,00% para 7,75%.
Em relação ao crescimento da economia brasileira, a pesquisa Focus voltou a reduzir a aposta do PIB de 2019 de 2,28% para 2,01%, e manteve para 2020 a projeção de 2,80%.