Por Gabriel Codas
Investing.com - O Itaú Unibanco divulgou nesta segunda-feira relatório mantendo a estimativa de corte de 0,25 p.p. na taxa Selic na reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Fomc), que acontece nos dias 4 e 5 de agosto.
Na visão dos analistas, as projeções de inflação do comitê para 2020 devem recuar de 2,0% para 1,9% no cenário híbrido (que inclui taxa de câmbio constante e taxa de juros de acordo com a pesquisa Focus), e de 1,9% para 1,8% no cenário de referência (com taxas de câmbio e de juros constantes).
Para 2021, as projeções devem mostrar aumento de 3,2% para 3,3% no cenário híbrido e de 3,0% para 3,2% no cenário de referência.
A equipe entende que com o corte, a Selic deve manter o patamar de 2,00% no final de 2020. Apesar do nível já baixo da taxa básica de juros, o corte adicional seria motivado principalmente por dados recentes de inflação, que foram mais benignos do que o esperado.
Assim, o entendimento é que o comitê deve continuar ressaltando que estamos diante de um ambiente particularmente incerto. Se, por um lado, os programas de estímulo creditício e de recomposição de renda podem mitigar a recessão, por outro, se continuarmos observando pressões desinflacionárias adicionais, isto implicará em uma tendência de redução das projeções de inflação.
Além disso, a discussão de um limite inferior para os juros, levantada pelo próprio comitê, é um motivo adicional para agir com cautela. Com isso, os analistas do Itaú não esperam que o Copom se comprometa fortemente com o próximo movimento da taxa Selic, mantendo assim sua decisão prospectiva dependente dos dados.
O documento aponta que a taxa básica de juros deve ser mantida em patamar extraordinariamente estimulativo por um algum tempo, mas há riscos para este cenário. O entendimento é que expectativas bem ancoradas e o elevado grau de ociosidade da economia contribuem para o cenário de taxa Selic baixa por tempo prolongado, mesmo com certo risco advindo da trajetória fiscal. No médio prazo, no entanto, a corrente deterioração fiscal suscita dúvidas importantes sobre a sustentabilidade do ambiente de taxas de juros baixas.