Por Stephanie Nebehay
GENEBRA (Reuters) - Jovens que perderam o emprego ou aulas escolares durante a pandemia de Covid-19 correm o risco de carregar "efeito cicatriz" em suas vidas profissionais, a menos que os governos forneçam apoio imediato, disse a Organização Internacional do Trabalho (OIT) nesta terça-feira.
Uma pesquisa da OIT com 12 mil jovens em 112 países mostrou em maio que mais de uma em cada seis pessoas com menos de 24 anos pararam de trabalhar durante a pandemia, enquanto a agência da ONU disse em seu último relatório que mais de 70% dos estudantes também foram afetados por fechamento de escolas, universidades e centros de treinamento.
Isso instou governos a ajudar a reintegrar jovens desempregados ao mercado de trabalho ou fornecer treinamento educacional e benefícios de seguro-desemprego.
"A pandemia de Covid-19 tem um impacto sistemático, profundo e desproporcional sobre os jovens", disse Sangheon Lee, diretor do departamento de política de emprego da OIT, em coletiva de imprensa.
As evidências de crises anteriores sugerem que os jovens que não têm acesso a oportunidades de emprego ao entrarem no mercado de trabalho enfrentam consequências contínuas ao longo de suas vidas profissionais, disse ele. "Isso é o que chamamos de 'efeito cicatriz'."
Mulheres e homens jovens em países de baixa renda estão entre os mais atingidos, disse ele.
"A menos que uma ação urgente seja adotada, os jovens provavelmente sofrerão impactos graves e duradouros da pandemia. Acreditamos que haja um risco genuíno de uma 'geração lockdown', que realmente carregará cicatrizes ao longo de suas vidas profissionais", disse Lee.
A pandemia deixou um em cada 8 jovens estudantes sem qualquer acesso a educação ou treinamento, embora aqueles em países mais ricos tenham mais acesso a aulas online, afirmou Lee.
"É importante lembrar que o risco não é apenas a perda de empregos", completou.
"Mesmo para aqueles que permaneceram empregados após o início da pandemia, as horas de trabalho caíram quase um quarto e dois em cada cinco jovens relataram redução em suas rendas", disse ele.
Cerca de 17% dos jovens relataram sofrer de ansiedade e depressão, quase o dobro da taxa daqueles que ainda estão empregados, afirmou Lee. "Não é nenhuma surpresa que seu bem-estar mental tenha sofrido muito", disse ele.
(Reportagem de Stephanie Nebehay)