As declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e a queda forte do petróleo forneceram combustível para mais um dia de queda firme dos juros futuros, em especial nos contratos médios e longos. As taxas até reduziram um pouco o ritmo de baixa no período da tarde, mas mesmo assim o recuo foi superior a dez pontos-base nos vértices além de cinco anos.
O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 caiu de 12,761% para 12,73. O janeiro 2024 foi de 12,081% a 12,025. O janeiro 2025 recuou de 11,460% a 11,41%. E o janeiro 2027 cedeu de 11,375% a 11,265%.
O principal drive foi a reiteração, por parte de Campos Neto, do plano de voo do BC. Em entrevista à TV Bandeirantes, gravada na sexta-feira à tarde e exibida ontem à noite, o presidente da autarquia repetiu a intenção de parar o ciclo de alta da Selic em maio, quando a taxa deve atingir 12,75%, mas ele deixou a porta aberta para voltar atrás na avaliação e continuar subindo os juros na reunião seguinte do Comitê de Política Monetária (Copom), em caso de escalada da guerra na Ucrânia.
"Se houver impacto da guerra, podemos mudar ... Mas entendemos que 12,75% seria taxa capaz de levar a inflação à meta no horizonte relevante da política monetária", disse.
A fala veio na sequência de declarações de igual teor de Campos Neto, na quinta-feira, e da ata do mais recente Copom, divulgada na terça-feira. "O bom comportamento da curva de juros depois dos documentos oficiais da semana passada o 'liberaram' Roberto Campos Neto para ser ainda mais claro nos eventos públicos seguintes", escreveram os economistas do Banco Original Marco Caruso (economista-chefe), Lisandra Barbero e Eduardo Vilarim.
A baixa forte no petróleo na sessão de hoje também ajudou a descomprimir as taxas futuras. Os contratos futuros da commodity encerraram a sessão de hoje em queda forte, superior a 6%, com a decretação de lockdown em Xangai. A percepção dos investidores é que um novo alastramento da doença pode levar a uma nova rodada de restrições de circulação de pessoas, o que afetaria o crescimento econômico e, em grande medida, a demanda pelo óleo.