Por Jessica Bahia Melo
Investing.com - Reunião desta semana do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos, vai definir o ritmo da política monetária americana. A expectativa é de uma elevação de 0,75 pontos percentual na taxa-alvo de fundos do Fed, levando os juros para a faixa entre 3,75% e 4,00%. A decisão será anunciada na quarta-feira, 2. De acordo com os analistas do Morgan Stanley (NYSE:MS), a próxima reunião do Fed é “crítica” para o S&P 500, que vem apresentando forte baixa neste ano.
Monitor da taxa de juros do Federal Reserve do Investing.com, um “termômetro” das expectativas dos analistas, mostra que neste dia 31 de outubro, 86,5% precificam uma alta nessa magnitude, contra 13,5% que apostam em uma faixa entre 3,50% e 3,75%.
Segundo os estrategistas do Goldman Sachs (NYSE:GS), os juros básicos do Fed devem atingir um pico em 4,75-5%, considerando altas esperadas de 75 pb em novembro e 50 pb em dezembro, além de dois movimentos de 25 pb em fevereiro e março.
O Goldman projeta que o presidente do banco central americano, Jerome Powell, deve indicar uma redução no ritmo a partir de dezembro para 50 pb.
Para Ian Caó, diretor de investimentos da Gama, mais importante do que a expectativa de aumento dos juros em 0,75 ponto percentual é a sinalização que o chairman do Fed Jerome Powell fará depois do anúncio em coletiva de imprensa. “A expectativa dos otimistas é que o Fed sinalize altas menores já a partir da próxima reunião e que isso traga algum otimismo em relação à curva”, detalha. Por outro lado, o diretor de investimentos pondera que haveria um consenso sobre a atuação do Fed diante das expectativas de condições financeiras. “Dado que a inflação ainda está muito alta, mercado de trabalho ainda continua muito apertado, é pouco provável que o Fed queira gerar uma euforia no mercado. O mercado já entrou nesse otimismo em relação ao pivô e todas às vezes se frustrou”, completa.
Victor Candido, economista-chefe da RPS Capital, afirma que o mercado tenta projetar se a velocidade dos aumentos deve subir nas próximas decisões, com algum indicativo na coletiva de imprensa de Powell. No entanto, Candido espera uma fala neutra diante de dados mistos.
“É uma reunião bastante esperada porque o mercado, nas últimas semanas, vem tentando achar qual o ponto máximo, até onde o Fed vai nesse ciclo. Aparentemente é os 5%. Dados de emprego e inflação fortes levam o mercado a acreditar nisso”.
CONFIRA: Monitor da Taxa de juros do Federal Reserve
Inflação nos EUA
A inflação americana ainda pressiona. O índice de preços ao consumidor (IPC) nos EUA apresentou alta de 0,4% no mês de setembro, chegando a 8,2% em 12 meses. O núcleo de preços ao consumidor mensal foi de 0,6%, atingindo 6,6% em 12 meses.
O índice de preços PCE, um dos indicadores preferidos do Federal Reserve, subiu 0,3% no mês passado, mesma alta registrada em agosto. Nos 12 meses até setembro, o índice de preços PCE aumentou 6,2%, iguala ao resultado de agosto.
O núcleo do índice de preços PCE, que exclui os componentes voláteis de alimentos e energia, subiu 0,5% após ter aumentado pela mesma margem em agosto. O indicador alcançou 5,1% na base anual em setembro, depois de aumentar 4,9% em agosto.
Economia americana
Após dois resultados negativos, o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos subiu 2,6% no terceiro trimestre, diminuindo os receios de uma recessão com dados econômicos “no azul” novamente. Com inflação ainda pressionada e crescimento ocorrendo, a expectativa é de continuidade de uma política monetária contracionista.
“Na nossa visão, o cenário continua desafiador e o Fed deve promover mais um ajuste de 0,75 ponto percentual e continuar subindo os juros em dezembro. Acreditamos que a autoridade monetária americana precisará manter os juros elevados por mais tempo do que tem indicado em seus comunicados para trazer a inflação para a meta”, destaca Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, que vê a inflação elevada e o crescimento positivo como fatores que devem colaborar com essa decisão.