Os juros futuros chegaram a ensaiar um movimento de baixa durante a tarde, após oscilarem ao redor dos ajustes pela manhã, mas perderam o impulso e fecharam perto da estabilidade no fim do dia. O destaque da quarta-feira foi o Caged robusto de fevereiro, mas que acabou sendo relativizado pelo mercado, que ponderou ainda o alívio da curva dos Treasuries e a agenda carregada de amanhã, com Pnad Contínua e Relatório de Inflação (RI).
No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 9,915%, de 9,924% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 estava em 9,90%, de 9,88. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,15%, de 10,12% ontem, e o DI para janeiro de 2029 projetava 10,65% (máxima), de 10,60%.
Logo na abertura, o mercado já tinha em mãos o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de março, que mostrou deflação de 0,47%, no piso do intervalo das estimativas, mas que não chegou a afetar as taxas. A maior expectativa do mercado era pelo Caged, especialmente após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmar que o número seria "expressivo". A geração de 306.111 postos no mês passado acabou superando a mediana das estimativas (232,5 mil), mas logo após a publicação do dado as taxas passaram a cair. O resultado foi novamente puxado pelo setor de serviços, com a criação de 193.127 postos formais.
O economista Victor Beyruti, da Guide Investimentos, explica que o mercado já tinha se antecipado ontem a um resultado robusto quando leu na ata do Copom o alerta do BC sobre o mercado de trabalho apertado e quando viu que, no IPCA-15 de março, a inflação de serviços, que em boa medida vêm sendo fomentada pelos ganhos salariais, não desacelerou a contento, rodando ainda acima de 5% no acumulado em 12 meses. "Além disso, o juro da T-Note caindo abaixo de 4,20% ajuda a amenizar o impacto do Caged sobre as taxas", acrescentou. No fim da tarde, o yield estava em 4,19%.
O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, disse que o ministro Luiz Marinho afirmou que o Caged seria "extraordinário". "Óbvio que 306 mil em fevereiro é um número muito bom, mas é o 4º maior de fevereiro. Outro ponto é que o número de janeiro foi revisto de 180 mil para 168 mil. A sessão do DI ontem foi muito forte. O mercado se preparou para um Caged fora do comum", explicou.
Por fim, na visão do economista da CM Capital Matheus Pizzani, a geração de vagas acima da mediana das estimativas não deve ser uma preocupação para o BC porque veio acompanhada de queda generalizada no nível dos salários.
Resta agora saber como virá amanhã a Pnad Contínua amanhã, mais pelo o que deve mostrar o comportamento dos salários do que pela taxa de desemprego em si, uma vez que a massa salarial alcançou patamar recorde em janeiro. Na pesquisa do Projeções Broadcast, a mediana aponta para crescimento da taxa para 7,8% no trimestre encerrado em fevereiro.
Também nesta quinta-feira, o BC apresentará o Relatório de Inflação (RI) do primeiro trimestre, que será comentado em entrevista coletiva pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, e pelo diretor de Política Econômica, Diogo Guillén.