SÃO PAULO (Reuters) - A Justiça Federal do Paraná aceitou nesta quarta-feira denúncia do Ministério Público Federal contra o ex-diretor da área internacional da Petrobras (SA:PETR4) Nestor Cerveró e outras três pessoas acusadas de envolvimento em suposto esquema de corrupção na estatal.
Ao transformar Cerveró em réu, o juiz federal Sergio Moro aceita todas as denúncias feitas pelo MPF em consequência da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga irregularidades na estatal.
Além de Cerveró, também tornaram-se réus nesta quarta o doleiro Alberto Youssef, preso pela PF na Lava Jato, Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano e acusado de ser um dos operadores do suposto esquema, e Júlio Gerin de Almeida Camargo, ligado à construtora Toyo Setal.
Cerveró responderá agora pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mesmo crimes pelos quais Fernando Baiano, que está preso, terá de responder.
Youssef, que responderá a outras ações penais na Lava Jato, responderá pelo crime de lavagem de dinheiro nesta ação e Camargo pelos crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro, evasão fraudulenta de divisas e fraudes em contratos de câmbio.
Na denúncia, o MPF também pede ainda, o ressarcimento no valor de aproximadamente 156 milhões de reais, sem prejuízo do confisco de aproximadamente 140 milhões de reais provenientes de crime.
Cerveró é acusado na denúncia de ter recebido 15 milhões de dólares para recomendar a contratação pela Petrobras do estaleiro coreano Samsung Heavy Industries, representando por Camargo. O recebimento da suposta propina teria sido intermediado por Fernando Baiano.
Quando da apresentação da denúncia contra Cerveró, o advogado do ex-diretor, Edson Soares, disse que a acusação espelhava "apenas ilações do Ministério Público Federal despidas de provas".
Em depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga as suspeitas de irregularidades na estatal, Cerveró negou as irregularidades.
Fernando Baiano é apontado como o operador do PMDB no suposto esquema de desvio de recursos da Petrobras, que também incluiria repasse ilegal para o PT e o PP, segundo denúncia do ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa.
A Justiça já aceitou denúncias contra Costa e contra membros das empreiteiras Engevix, Galvão Engenharia, OAS. UTC, Camargo Corrêa e Mendes Junior, todas acusadas de envolvimento no esquema, em que um "clube" de empresas teria sido formado para cartelizar os contratos assinados com a Petrobras.
(Reportagem de Eduardo Simões)