Buenos Aires, 20 jun (EFE).- Centenas de integrantes do movimento kirchnerista "Unidos e Organizados" se mobilizaram nesta sexta-feira em Buenos Aires em repúdio de uma decisão judicial americana que deu razão aos fundos especulativos que reivindicam que a Argentina pague o valor total da dívida soberana da qual são credores.
Sob o lema "Argentina ou Abutres", os manifestantes partiram desde o Obelisco, no centro da capital, até a embaixada dos Estados Unidos, situada no bairro portenho de Palermo.
O governo argentino classifica como "abutres" os fundos que processaram a Argentina nos EUA, os quais têm dívida não sujeita à duas reestruturações que as autoridades argentinas propuseram a seus credores depois da moratória de 2001 e que supunham grandes recortes sobre o valor nominal.
Entre os credores, 93% aceitaram receber menos e resgatar sua dívida, mas 7% rejeitaram a solução oferecida em 2005 pelo governo presidido por Néstor Kirchner (2003-2007) e depois em 2010, já sob o mandato da atual presidente Cristina Kirchner, viúva do anterior.
O protesto de hoje em Buenos Aires, que coincide com o Dia da Bandeira, tem como objetivo defender "a soberania nacional e a política impulsionada por Néstor e Cristina Kirchner para renegociar a dívida", assinalou a meios locais Milagros Sala, membro da formação Tupac Amaru.
Sala indicou que o "bandeiraço" é em apoio "tanto à política econômica e aos interesses do povo argentino, como também para defender a economia global dos interesses de alguns poucos".
"Neste tema, não importa a vocação política de qualquer um que seja. Trata-se de defender os interesses de todos os argentinos", assegurou.
Sala ressaltou que não se deve permitir "que os Estados Unidos e nem um pequeno grupo de especuladores que procuram derrubar todos os esforços feitos desde que assumiou Néstor Kirchner (2003) para o país saldar a dívida, para ter autonomia".
A Corte Suprema americana fixuo definitivamente nesta semana uma decisão que obriga que a Argentina pague aos fundos "abutres" US$ 1,3 bilhão mais juros, o que dá um total de US$ 1,5 bilhão aproximadamente, antes de 30 de junho.
A decisão do juiz federal americano Thimas Griesa complica os desembolsos que a Argentina deve fazer no final deste mês aos credores que sim toparam resgatar a dívida, já que inclui as ordens "pari passu" (em igualdade de condições)", pelas quais está obrigada a pagar de maneira simultânea a todos os credores de dívida.
Além disso, os giros de dinheiro aos Estados Unidos feitos pela Argentina correm o risco de ser embargados por solicitação dos querelantes com sentença a favor.
O governo argentino anunciou que proporá uma troca dos bônus em mãos de credores que aderiram aos refinanciamentos, emitidos sob lei americana, por outros novos, mas sob legislação argentina, para evitar um possível embargo e uma nova moratória.