Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa
FRANKFURT (Reuters) - Christine Lagarde usou sua primeira entrevista como chefe do Banco Central Europeu nesta quinta-feira para prometer uma ampla e ilimitada revisão estratégica do funcionamento do banco e um novo estilo de comunicação de seu pensamento.
Depois que as autoridades do BCE deixaram sua posição flexível inalterada, conforme o esperado, Lagarde enfrentou de frente a forte expectativa nos mercados e na mídia sobre como ela sucederá seu antecessor, Mario Draghi, um tecnocrata que foi aclamado como um dos melhores comunicadores de política monetária do mundo.
"Terei meu próprio estilo. Não interpretem demais, não adivinhem, não façam referências cruzadas. Eu serei eu mesma e, portanto, provavelmente diferente", disse a repórteres, no que chamou de "preâmbulo curto" antes de responder a perguntas.
"Vocês não são o único público", disse Lagarde à assessoria de imprensa do BCE, dizendo que usará uma linguagem diferente e não técnica para levar a mensagem do banco a públicos mais amplos.
Ela anunciou ainda que uma revisão planejada de como o BCE conduz seus negócios terá o objetivo de ser concluída até o final do próximo ano e de ser formada por uma ampla gama de vozes, incluindo as da sociedade civil e da academia.
"O objetivo será não apenas pregar o evangelho que pensamos que dominamos, mas também ouvir as opiniões daqueles a quem alcançamos", acrescentou, refletindo um esforço semelhante em andamento nos Estados Unidos.
Lagarde confirmou que a revisão levará em conta questões fundamentais, incluindo como a tecnologia e as mudanças climáticas afetam as políticas monetárias, além de abordar as desigualdades que, segundo ela, "certamente estão subindo" nas economias desenvolvidas.
Analistas financeiros veem o BCE mantendo os juros em espera durante o próximo ano, uma visão que foi reforçada na quarta-feira pelo Fed sinalizando que é improvável que altere os custos dos empréstimos dos EUA em 2020.
O BCE manteve sua taxa de depósito em um nível mínimo recorde de -0,5%, mantendo a opção de outro corte de juros sobre a mesa. O banco também prometeu baixas taxas de juros por um longo período a manutenção do ritmo de compra de ativos -- com o objetivo de reduzir os custos dos empréstimos -- estável em 20 bilhões de euros por mês.
Lagarde também revelou projeções econômicas ligeiramente alteradas para a zona do euro, com o crescimento do próximo ano revisado para baixo em 1,1%, ante uma previsão anterior de 1,2%, enquanto a inflação para 2020 foi prevista em 1,1%, ainda bem abaixo da meta do BCE de quase 2%.
Para 2022, o crescimento foi projetado em 1,4% e a inflação em 1,6%, em projeções iniciais. Lagarde disse que as previsões da equipe, que esperam inflação de 1,7% no último trimestre de 2022, estão indo no caminho certo, mas ainda estão aquém da meta de inflação do BCE, de pouco menos de 2%.
(Por Francesco Canepa)