Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar registrava queda acentuada contra o real nesta segunda-feira, abaixo de 5,25 reais, com a moeda brasileira acompanhando o movimento de outras divisas arriscadas em meio a apetite por risco no exterior.
Às 10:05, o dólar recuava 1,49%, a 5,2390 reais na venda. Na B3, o dólar futuro caía 1,49%, a 5,239 reais.
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A sessão era de apetite por risco moderado nos mercados globais, com os investidores comprando ações e moedas de países emergentes ou ligadas a commodities em meio a otimismo sobre uma recuperação econômica.
"Dados econômicos mais positivos e reabertura começam a sustentar a tese de retomada econômica rápida, mesmo com os EUA já se preparando para uma controlada segunda onda de contágio do coronavírus", disseram em nota analistas da XP Investimentos.
Peso mexicano, lira turca e dólar australiano, principais pares do real, registravam alta contra a moeda norte-americana nesta manhã, enquanto os futuros de Wall Street saltavam cerca de 1%.
Enquanto isso, no cenário local, sinais iniciais de uma melhora na atividade animavam os investidores. A Fundação Getulio Vargas disse nesta segunda-feira que a confiança da indústria no Brasil provavelmente mostrará forte recuperação em junho, registrando a maior variação mensal positiva da série depois de uma melhora na percepção dos empresários sobre a situação atual e sobre os próximos meses.
Apesar do otimismo, a política continua no radar, e "segue influenciada pelos desdobramentos da prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro", disse a XP. "O caso, somado a outros em que o grupo do presidente Jair Bolsonaro enfrenta desafios no Judiciário (...), tem pautado o dia a dia do governo e deve continuar a produzir efeitos."
Em meio a clima tenso em Brasília, o domingo foi marcado mais uma vez por manifestações contra e a favor do governo federal, e o presidente Jair Bolsonaro novamente não compareceu a atos de apoio à sua gestão na capital do país.
A incerteza política tem sido apontada por analistas como fator de pressão sobre o real, que também foi prejudicado em 2020 por um cenário de juros baixos e crescimento fraco no país.
Embora o dólar tenha recuado ante máximas históricas próximas a 6 reais tocadas em meados de maio, a divisa ainda acumula alta de cerca de 30% contra a moeda brasileira no ano.
Na última sessão, na sexta-feira, o dólar à vista caiu 0,99%, a 5,3182 reais na venda.
O Banco Central fará leilão de até 12 mil contratos de swap cambial tradicional nesta segunda-feira, para rolagem de contratos já existentes, com vencimento em novembro de 2020 e fevereiro de 2021.
(Edição de Camila Moreira)