O diretor de Política Monetária do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, 42 anos, disse nesta 3ª feira (8.out.2024) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu “liberdade” na tomada de decisões na autoridade monetária. O atual chefe do BC, Roberto Campos Neto, foi alvo de críticas durante o governo por causa do patamar da taxa básica, a Selic.
“Toda vez que me foi concedida a oportunidade de encontrar o presidente Lula, eu escutei de forma enfática e clara a garantia da liberdade na tomada de decisões e que o desempenho da função deve ser orientada exclusivamente pelo compromisso com o povo brasileiro”, declarou Galípolo.
Segundo ele, cada ação e decisão na autoridade monetária deve “unicamente ao interesse do bem-estar de cada brasileiro”. Ele agradeceu a Lula pela indicação. Também agradeceu aos senadores, ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e, posteriormente, a Campos Neto.
Galípolo participa nesta 3ª feira (8.out) de sabatina na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado para substituir Roberto Campos Neto como presidente do Banco Central a partir de janeiro de 2025.
Essa é a 2ª sabatina que enfrenta na comissão. Em 4 de julho de 2023, passou pela CAE para ser diretor do BC. Leia aqui o que ele disse na época. O Senado nunca rejeitou um indicado à presidência do Banco Central.
AO VIVO: Galípolo participa de sabatina no Senado para assumir Banco Central
“Estar aqui hoje nesta Casa como indicado pelo presidente Lula e tendo essa oportunidade de me apresentar é uma grande honra, mas, acima de tudo […], uma enorme responsabilidade que eu tenho”, disse.
Galípolo disse que o Banco Central é o guardião da moeda brasileira e é um dos “pilares centrais da sociedade civil organizada”. Segundo o diretor, há desafios “impostos” no cenário econômico. Declarou que terá liberdade de atuação no Banco Central.
HISTÓRICO DE SABATINAS
Em 4 de julho de 2023, a sabatina de Galípolo durou 2 horas e 25 minutos. Teve menos perguntas de senadores: somente 10 participaram na época. A sessão também teve a participação de Ailton Aquino, que foi aprovado para ser diretor de Fiscalização do Banco Central.
Leia abaixo o que disse Galípolo em 4 de julho de 2023:
- Ninguém no BC deseja manter Selic alta, defendeu Galípolo;
- Diretores do BC devem perseguir autonomia operacional do BC, disse;
- Nenhum economista deve impor destino ao país, disse;
- Defendeu incluir “povo no Orçamento”;
- Evitou falar de próximos passos para a taxa Selic;
- Galípolo afirmou que gosta de diálogo e cita “esforço coletivo”;
A INDICAÇÃO DE GALÍPOLO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) oficializou a indicação de Gabriel Muricca Galípolo à presidência do Banco Central em 28 de agosto de 2024. Já era um movimento esperado. O atual chefe da autoridade, Roberto Campos Neto, deixa o cargo em 31 de dezembro deste ano.
Galípolo é aliado de Lula. Foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda no começo do atual governo, em 2023. Em outras palavras, era o número 2 do ministro Fernando Haddad.
O indicado é diretor de Política Monetária da autoridade desde julho de 2023. Para assumir a vaga, também foi sabatinado no Senado. Ou seja, é a 2ª vez que ele passa pelo crivo da Casa em menos de 2 anos.
Gabriel Galípolo tem 42 anos. É formado em Ciência Econômica e mestre em Economia pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). Começou na máquina pública em 2007, na gestão de José Serra (PSDB), em São Paulo. Saiba nesta reportagem mais detalhes da vida e da carreira do diretor.
Gabriel Galípolo participou de 10 reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária), quando o Banco Central decide o patamar da Selic (taxa básica de juros). Votou com o presidente Campos Neto em 9 ocasiões.
A única reunião do colegiado em que divergiu de Campos Neto foi a de maio de 2024 –quando todos os indicados do governo Lula votaram por um corte de 0,50 ponto percentual na Selic. Os integrantes mais antigos optaram por uma redução menor, de 0,25 ponto percentual.
Galípolo subiu o tom sobre a condução dos juros depois do encontro de julho. Foi uma forma de aumentar a confiança do mercado nos indicados de Lula. O diretor disse que a autoridade aumentaria os juros em uma eventual necessidade.
Lula agora tem que indicar 3 nomes para o órgão: 2 para substituir diretores que terminam o mandato em 31 de dezembro de 2024 e 1 para a vaga deixada por Galípolo.