Por David Mardiste e Francesco Canepa
TALLINN/FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu (BCE) sinalizou nesta quinta-feira que não planeja mais cortes de juros já que as perspectivas para a zona do euro melhoraram, mas disse que a inflação fraca significa que continuará a dar mais estímulo para a economia da região.
O bloco tem apresentado seu melhor desempenho econômico desde a crise financeira, há quase uma década, mas a expectativa era de que o BCE adotasse uma postura mais cautelosa já que a recuperação da inflação ainda não mostrou tendência convincente de alta.
"O Conselho espera que as principais taxas de juros do BCE permaneçam nos níveis atuais por um período prolongado de tempo, e bem além do horizonte das compras de ativos", disse o BCE, referendo uma referência antiga a juros mais baixos.
Entretanto, o BCE manteve a política monetária frouxa como esperado, incluindo o programa de compra de títulos de 2,3 trilhões de euros e juros abaixo de zero, apesar da resistência da Alemanha.
Anunciando pequenas melhoras em suas projeções de crescimento até 2019, o presidente do BCE, Mario Draghi, afirmou em entrevista à imprensa que o banco não vê mais riscos negativos ao crescimento.
"Consideramos que os riscos para o cenário de crescimento estão agora amplamente equilibrados", disse ele a repórteres na capital da Estônia, Talinn, em uma ação amplamente esperada.
Mas o BCE reduziu as estimativas de inflação para os próximos três anos e disse que volumes "substanciais" de estímulo através de seu esquema de compra de ativos ainda são necessários. Draghi afirmou que a redução do programa não foi discutida na reunião.
Com a decisão desta quinta-feira, o BCE manteve a taxa de depósito, sua principal ferramenta de juros, em -0,40 por cento. As compras mensais de ativos continuarão a totalizar 60 bilhões de euros por mês e acontecerão até ao menos dezembro.
O BCE disse que agora vê a inflação este ano em apenas 1,5 por cento, contra projeção anterior de 1,7 por cento. Ela subirá apenas a 1,6 por cento em 2019, contra estimativa antes de 1,7 por cento, ainda abaixo da meta oficial de próximo a 2 por cento.
"Nada substancial aconteceu à inflação, exceto o preço do petróleo e dos alimentos...a inflação tem permanecido a mesma ano a ano", disse ele.
O crescimento econômico este ano foi projetado em 1,9 por cento contra 1,8 por cento antes.
Qualquer anúncio sobre seu programa de estímulo não é esperado até o outono (no hemisfério norte), quando as autoridades esperam que o cenário econômico tenha se tornado mais claro.