Por Francesco Canepa e Balazs Koranyi
FRANKFURT (Reuters) - Os membros "dovish" (favoráveis a juros mais baixos) do Banco Central Europeu pressionarão por um corte na taxa de juros no próximo mês após uma série de dados econômicos fracos na zona do euro, um movimento que provavelmente encontrará resistência de seus colegas mais conservadores, disseram sete fontes à Reuters.
As autoridades do BCE consideraram improvável um corte na taxa de juros em 17 de outubro depois de reduzirem os custos dos empréstimos neste mês com base em previsões de crescimento mais fracas e expectativas de uma queda contínua, embora irregular, da inflação no próximo ano.
Entretanto, dados do PMI da zona do euro e números de confiança na Alemanha, bem como uma desaceleração dos salários maior do que a prevista, têm encorajado membros "dovish" a pressionar por um corte, disseram as fontes.
Os custos de energia também caíram nas últimas semanas e alguns indicadores de mercado agora apontam para um risco de que o banco central possa ficar abaixo de sua meta de inflação por um período prolongado.
Entretanto, qualquer tentativa de cortar os juros novamente encontrará uma oposição vigorosa por parte dos membros "hawkish", que argumentam que as pesquisas de atividade empresarial apresentam em geral um quadro mais pessimista do que os dados concretos, como os números do PIB, acrescentaram as fontes.
Algumas fontes levantaram a possibilidade de um meio-termo no qual os juros ficarão inalterados em outubro, mas seria dado um sinal forte sobre um corte em dezembro se os dados não melhorarem, o que contradiz a abordagem "reunião por reunião" do BCE.
Um porta-voz do BCE não quis comentar o assunto.
Como a decisão de 17 de outubro ainda está a três semanas de distância e dados importantes, como a inflação de setembro, só devem ser publicados na próxima semana, a decisão continua em aberto e alguns membros ainda não se decidiram, disseram as fontes.
Embora poucas autoridades tenham chegado ao ponto de descartar um corte em outubro em conversas privadas, o eslovaco Peter Kazimir disse publicamente que o BCE "quase certamente" terá de esperar até dezembro.
Operadores têm aumentado as apostas de um corte em outubro após dados fracos recentes. Os mercados agora colocam uma probabilidade de 50% a 60% de que o BCE reduza sua taxa de depósito em 25 pontos-base, para 3,25%, em comparação com uma chance de 35% há uma semana.