A inflação implícita do Brasil voltou a subir no 2º semestre de 2023. Negociação de títulos com prazo de vencimento em 9 anos tem expectativa para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de 5,71%, acima do teto da meta contínua do Brasil.
A inflação implícita é medida pela diferença nas cotações de mercado dos títulos com juros pré-fixados e os que têm remuneração estabelecida acima da inflação. O Poder360 considerou dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) de curto, médio e longo prazo.
A meta de inflação do Brasil será de 3% a partir de 2024, com limite superior estabelecido em 4,5%. Ficará neste patamar até, pelo menos, 2026. As expectativas implícitas de IPCA são estas para 3 períodos selecionados:
- Prazo de 1 ano: 4,36%;
- Prazo de 5 anos: 5,38%;
- Prazo de 9 anos: 5,71%.
Nos 3 períodos analisados, a inflação implícita subiu no 2º semestre. Havia começado o ano em patamar superior, baixaram e voltaram a aumentar. Leia o que mudou desde 30 de junho:
- Prazo de 1 ano: +0,68 ponto percentual;
- Prazo de 5 anos: +0,32 ponto percentual;
- Prazo de 9 anos: +0,39 ponto percentual.
ANÁLISE DO PODER360
As expectativas de inflação estão desancoradas. Caso estivessem estáveis em um patamar elevado, acima da meta de inflação, já seria ruim. O fato de estarem em alta é um agravante. Isso pode ser um argumento para o Copom manter a cautela na decisão de política monetária. Haverá gritaria do governo e de seus apoiadores. Mas muitas pessoas também verão justificativa em evitar os riscos de descontrole inflacionário, como há na Argentina.
O governo poderia ajudar se conseguisse segurar os gastos públicos. A tendência é que a promessa do ministro Fernando Haddad (Fazenda) de zerar o deficit em 2024 não seja cumprida.