BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central estimou nesta terça-feira que o estoque de crédito total do país irá avançar 7 por cento em 2016, mesmo ritmo deste ano, em meio ao cenário de recessão, baixa confiança e inflação elevada.
Para 2015, o BC também previu expansão de 7 por cento do saldo de financiamentos, patamar revisado para baixo ante expectativa anterior de 9 por cento.
O movimento de moderação reflete o ambiente econômico recessivo, com consumidores e empresas menos propensos a tomar crédito diante de menos recursos disponíveis e juros elevados.
As instituições financeiras também têm mostrado cautela na liberação de crédito, de olho no aumento da inadimplência.
O BC previu que o estoque de crédito de bancos públicos subirá 9 por cento em 2016, 3 por cento para os privados nacionais e de 7 por cento para os privados estrangeiros.
Por modalidade, o estoque de crédito direcionado crescerá 9 por cento em 2016, contra 10 por cento calculados para 2015. Já para o crédito livre, o crescimento esperado é de 5 por cento, ante 4 por cento em 2015.
NOVEMBRO
Em novembro, a inadimplência no mercado de crédito no país no segmento de recursos livres subiu a 5,2 por cento, contra 5 por cento em outubro, no nível mais alto desde o início de 2013.
No segmento, cujas taxas de juros são definidas livremente pelas instituições financeiras, o spread bancário --diferença entre o custo de captação e a taxa cobrada do tomador final-- subiu 0,3 ponto percentual, para 33,3 pontos percentuais.
Ao mesmo tempo, o juro médio do segmento alcançou 48,1 por cento, ante 47,9 por cento em outubro.
O avanço aconteceu ao mesmo tempo em que o BC endureceu o discurso para deixar claro que pode voltar a subir os juros básicos em breve, após ter mantido a Selic em 14,25 por cento ao ano desde julho, para combater a inflação ainda elevada.
Na semana passada, o presidente do BC, Alexandre Tombini, disse que o país já está num ciclo de aperto monetário.
O mercado futuro de juros e economistas consultados toda semana por meio da pesquisa Focus do BC sinalizam que a Selic será elevada em janeiro, em 0,5 ponto percentual, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne novamente.
O BC informou ainda que o estoque total de crédito no país, que engloba o segmento de recursos direcionados, cresceu 0,6 por cento em novembro sobre outubro, a 3,177 trilhões de reais.
(Reportagem de Alonso Soto)