Por Lucia Mutikani
WASHINGTON (Reuters) - A criação de vagas de emprego nos Estados Unidos provavelmente desacelerou ainda mais em setembro, já que a recuperação diante do tombo da Covid-19 perdeu ímpeto em meio à redução do auxílio fiscal do governo e a uma pandemia implacável, deixando muitos em risco de ficarem permanentemente desempregados.
O relatório de empregos do Departamento do Trabalho norte-americano desta sexta-feira será o último antes da eleição presidencial de 3 de novembro, na qual o golpe econômico da pandemia tem sido uma questão importante.
O presidente republicano Donald Trump provavelmente verá o quinto mês consecutivo de aumento de empregos como um sinal de progresso para uma economia que mergulhou em recessão em fevereiro.
Mas os ganhos de emprego previstos para setembro seriam os menores desde a recuperação do emprego iniciada em maio e ainda deixariam o mercado de trabalho longe de recuperar os 22,2 milhões de postos perdidos em março e abril. O ex-vice-presidente dos EUA, Joe Biden, indicado pelo Partido Democrata, atribui a turbulência econômica à abordagem da Casa Branca diante da pandemia, que já matou mais de 200 mil pessoas e infectou mais de 7 milhões no país.
"A recuperação continua, mas em um ritmo mais lento em parte porque o estímulo do governo diminuiu significativamente", disse Sung Won Sohn, professor de finanças e economia da Loyola Marymount University. "Estamos vendo mais reduções de pessoal e falências e, até que o próximo governo chegue com mais apoio, não ficaria surpreso em ver um novo declínio no emprego ao final do ano."
De acordo com uma pesquisa da Reuters com economistas, o mercado provavelmente criou 850 mil vagas fora do setor agrícola no mês passado, depois de 1,371 milhão em agosto devido à contratação de quase 250 mil trabalhadores para o Censo de 2020. Isso deixaria o emprego 10,7 milhões de vagas abaixo do nível de fevereiro.
Embora a criação de vagas tenha superado as previsões nos últimos meses, isso não muda a narrativa de crescimento mais lento à medida que se inicia o quarto trimestre. O crescimento do emprego atingiu um pico em junho, quando a criação de vagas subiu ao ritmo recorde de 4,781 milhões de postos de trabalho.