Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - O mercado passou a ver variação praticamente zero dos preços administrados neste ano e voltou a reduzir a expectativa para a inflação ao consumidor, mas para 2023 a projeção para a alta dos preços gerais aumentou pela 16ª vez seguida, segundo a pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central nesta segunda-feira.
A projeção de economistas consultados para a alta dos preços administrados em 2022 passou a uma variação positiva de 0,01%, de 1,74% na semana anterior. Com isso, o cálculo para a alta do IPCA neste ano caiu pela quarta vez, chegando a 7,30%, de 7,54% antes.
A revisão se dá na esteira de medidas do governo para aliviar a inflação elevada neste ano, como a aprovação da lei que estabelece um teto para as alíquotas de ICMS sobre os setores de combustíveis, gás, energia, comunicações e transporte coletivo.
Mas analistas alertam que a lei não tem efeitos duradouros, e com isso passaram a ver pressão ainda maior da inflação em 2023. Economistas consultados na pesquisa Focus passaram a estimar o avanço do IPCA no ano que vem em 5,30%, 0,10 ponto percentual a mais do que na leitura anterior. A alta dos preços administrados no ano que vem passou a ser calculada em 7,06%, de 6,50% antes.
Com esse cenário, em ambos os anos a inflação terminará bem acima do teto da meta oficial, cujo centro está em 3,5% para 2022 e 3,25% para 2023, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou ainda melhora na perspectiva para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, com a estimativa de crescimento subindo de 1,75% para 1,93%. Para 2023, entretanto, houve ajuste de 0,01 ponto percentual para baixo, a 0,49%.
A pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou ainda que a taxa básica de juros Selic deve terminar este ano a 13,75% e o próximo a 10,75%, sem alterações em relação à sondagem anterior.