(Reuters) - A presidente do Federal Reserve de Cleveland, Loretta Mester, disse nesta quarta-feira que o choque de fornecimento provocado pelo coronavírus pode ter implicações no lado da demanda, se a incerteza sobre seu impacto continuar.
Mester disse em entrevista à CNBC que apoiou a decisão do banco central de reduzir a taxa de juros em 0,50 ponto percentual na terça-feira, acrescentando que os riscos em torno das perspectivas aumentaram significativamente.
"Ainda há muita incerteza sobre o curso do vírus e qual o impacto que ele terá", disse Mester.
"Esse (corte de juros) foi realmente uma resposta à economia, às perspectivas e aos riscos em torno das perspectivas".
Mester, que assume um papel votante este ano no comitê de definição de política monetária do Fed, disse que o problema provocado pelo coronavírus é um caso de "choque clássico de oferta".
"Certamente a redução dos juros não fará com que as pessoas voltem a viajar, suas interações sociais não serão alteradas por uma taxa de juros mais baixa", disse ela.
A situação pode se transformar em algo que pode afetar os sentimentos dos negócios, consumidores e investidores, acrescentou Mester.
A decisão do Fed de reduzir sua taxa de juros para uma meta entre 1,00% e 1,25% foi o primeiro corte não programado desde 2008, no auge da crise financeira.
O chairman do Fed, Jerome Powell, reiterou na terça-feira sua visão de que a economia dos EUA continua forte, mas disse que a disseminação do vírus causou uma mudança substancial nas perspectivas de crescimento do banco central norte-americano.
Mester também alertou que o choque de oferta criado pelo vírus poderia levar a um aumento da inflação.