WASHINGTON (Reuters) - Milhões mais de norte-americanos buscaram auxílio-desemprego na semana passada, sugerindo que as demissões passaram das indústrias para outros segmentos da economia e podem continuar elevadas mesmo com muitas partes do país começando a reabrir a economia.
O relatório semanal do Departamento do Trabalho mostrou nesta quinta-feira que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego totalizaram 3,169 milhões em dado ajustado sazonalmente na semana encerrada em 2 de maio, contra 3,846 milhões na semana anterior.
Economistas consultados pela Reuters projetavam 3 milhões de pedidos na última semana, contra 3,839 milhões reportados inicialmente para a semana encerrada em 25 de abril
Os dados sustentam as visões de economistas de uma recuperação longa da economia, afetada pelas paralisações devido ao combate ao coronavírus.
A economia encolheu no primeiro trimestre no ritmo mais forte desde a Grande Recessão de 2007-2009. O relatório seguiu-se à notícia na véspera de fechamento de um recorde de 20,2 milhões de postos de trabalho no setor privado em abril.
Foi o quinto decréscimo semanal consecutivo nos pedidos desde que atingiu um recorde de 6,867 milhões na semana encerrada em 28 de março. Ainda assim, os números mais recentes elevaram para cerca de 33 milhões o número de pessoas que procuram auxílio-desemprego desde 21 de março.
"O ritmo das novas reivindicações de auxílio-desemprego está diminuindo, mas permanece em níveis que eram inimagináveis há apenas alguns meses", disse Joel Naroff, economista-chefe da Naroff Economics.
"Mesmo com a economia lentamente começando a reabrir, o número de desempregados deve continuar a aumentar acentuadamente, já que os governos -- assim como as empresas que tentaram mas não conseguiram manter os trabalhadores -- estão demitindo", disse ele.
Os dados desta quinta-feira não terão impacto no relatório de emprego de abril do Departamento do Trabalho, que será divulgado na sexta-feira, pois ficam fora do período em que o governo pesquisou estabelecimentos e famílias para o seu relatório mensal.
De acordo com uma pesquisa da Reuters junto a economistas, a economia dos EUA deve ter fechado 22 milhões de vagas de trabalho em abril fora do setor agrícola, o que derrubaria o tombo recorde anterior de 800.000 alcançado durante a recessão de 2007-2009. Os EUA perderam 701.000 empregos em março, encerrando uma série recorde de ganhos desde setembro de 2010.
A taxa de desemprego provavelmente saltará para 16% em abril, o que ultrapassaria o recorde de 10,8% atingido em novembro de 1982. Em março, a taxa de desemprego subiu 0,9 ponto percentual, a maior variação mensal desde janeiro de 1975, para 4,4%.
(Reportagem de Lucia Mutikani)