SÃO PAULO (Reuters) - O ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, elogiou nesta quarta-feira Kristalina Georgieva pelo "excelente trabalho" que ela vem fazendo como diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), indicando que a apoiaria para um segundo mandato.
Le Maire disse a repórteres, durante a cúpula do G20 em São Paulo, que faz sentido manter Georgieva no cargo mais alto do credor global.
O mandato de cinco anos de Georgieva termina em outubro.
Segundo um acordo de longa data, os países europeus tradicionalmente nomeiam um candidato para dirigir o FMI, enquanto os Estados Unidos selecionam um candidato para dirigir o Banco Mundial. Ambos os cargos são decididos em última instância pela diretoria das instituições.
"Quero apenas enfatizar que Kristalina Georgieva está fazendo um excelente trabalho como diretora-gerente do FMI e, quando se tem alguém fazendo um excelente trabalho, é sempre melhor manter a mesma pessoa no mesmo cargo", disse ele.
"Minha convicção é que Kristalina Georgieva é a pessoa certa no cargo certo e no momento certo."
O apoio da França a um segundo mandato é significativo, mas a escolha da Europa para o cargo deve ser aprovada por todos os membros da União Europeia.
Questionada se ela está envolvida em discussões sobre um segundo mandato, Georgieva disse à Reuters na terça-feira que estava concentrada no trabalho que tinha em mãos como diretora-gerente do FMI, acrescentando: "Sempre fui da opinião de que você faz o trabalho que tem -- e não algo hipotético no futuro."
Georgieva, uma economista da Bulgária, é a segunda mulher a dirigir o FMI e a primeira pessoa de uma economia de mercado emergente.
A manutenção de Georgieva em um segundo mandato responderia a preocupações de longa data levantadas por mercados emergentes e países em desenvolvimento sobre o duopólio EUA-Europa nas duas instituições financeiras globais, o FMI e o Banco Mundial.
Autodeclarada "eterna otimista", Georgieva tem lidado com enormes choques na economia global, desde o surto da pandemia da Covid-19, poucos meses depois de assumir o cargo, até a invasão russa à Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Ela está focada em reforçar as perspectivas de crescimento de médio prazo, que está aquém dos níveis históricos, gerenciar os desafios contínuos da dívida soberana e orientar o FMI em uma complicada renovação de cotas.
Georgieva foi alvo de críticas dentro e fora do Fundo por sua iniciativa de incluir as mudanças climáticas como um fator nos relatórios de supervisão das economias dos países membros e por seu grande interesse em mercados emergentes e economias em desenvolvimento.
Ela tem sido fundamental para garantir grandes empréstimos para a Ucrânia, ajudando a catalisar fundos adicionais para a economia do país suportar as tensões da guerra de dois anos contra a Rússia. Também supervisionou uma reformulação do programa de empréstimos maciços da Argentina e trabalhou de forma constante para auxiliar a China a adotar reestruturações de dívidas soberanas.
(Reportagem de Andrea Shalal)