Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O momento político não é o mais favorável para o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, avaliou nesta terça-feira o diretor-Geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, recomendando, no entanto, que ambas as partes mantenham o senso de urgência e pensem no longo prazo para a oportunidade não ser perdida.
"Com pandemia em curso, com a desaceleração tão dramática das economias, haverá pressões imagino que dos dois lados para evitar choques de oferta e demanda, sobretudo de oferta, muito fortes neste momento", disse ele.
Em evento online promovido pela ICC Brasil e a Confederação Nacional da Indústria (CNI), Azevêdo afirmou que o Brasil precisa fazer dever de casa para se inserir de maneira mais efetiva às cadeias globais de produção e destacou que o acordo Mercosul-UE dá "excelente oportunidade para se avançar nesse sentido".
Azevêdo, que está de saída do cargo, pontuou ter aprendido ao longo dos seus sete anos à frente da OMC que a conjuntura política e econômica pode se alterar de uma hora para outra.
"Podem aparecer imprevistos de todo lado, como pressões na área ambiental, por exemplo, ou na área de padrões trabalhistas, coisas que não estavam tão evidentes no radar", disse ele, frisando que isso pode vir a complicar a negociação.
"Então eu não perderia o sentido de urgência, acho que essa seria a minha principal mensagem."
MEIO AMBIENTE
Em outro ponto do debate Azevêdo frisou que a questão ambiental "está aí para ficar" nas relações comerciais, e que na OMC já se discutem negociações que levem o tema em consideração.
"A questão ambiental está aí para ficar, não adianta ficar imaginando que é uma coisa circunstancial, conjuntural, isso vai mudar se a gente explicar melhor, não é isso", afirmou.
"Qualquer grande acordo mundial que vier no futuro eu acho que essa discussão vai estar sendo discutida, não tem como fugir dela."