BERLIM (Reuters) - A Alemanha pode iniciar uma ação contra os Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC) em reação à proposta do presidente Donald Trump de adotar uma tarifa de fronteira, disse a ministra da Economia alemã nesta sexta-feira antes de um encontro entre o líder norte-americano e a chanceler alemã, Angela Merkel.
Trump alertou que os EUA irão aplicar um imposto fronteiriço de 35 por cento sobre os carros que a montadora alemã BMW planeja construir em uma nova fábrica no México e exportar para o vizinho do norte.
Indagada sobre como a Alemanha reagiria à taxa proposta, Brigitte Zypries disse à rádio Deutschlandfunk que é muito difícil por causa das complexidades de tal sistema tributário.
"A outra opção é entrarmos com uma ação na OMC -- existem procedimentos delineados ali porque nos acordos da OMC está claramente delineado que você não pode recolher mais do que 2,5 por cento em impostos sobre a importação de carros", disse Zypries.
Ainda nesta sexta-feira, Trump e Merkel terão sua primeira reunião desde que o novo presidente norte-americano tomou posse, em janeiro. Merkel deve pressionar Trump para obter garantias de apoio a uma União Europeia forte e um comprometimento com o combate à mudança climática, e ele deve pedir que a alemã apoie sua exigência de que as nações da Otan paguem mais para ter suas necessidades defensivas atendidas.
O superávit comercial alemão de 50 bilhões de euros com os EUA tem sido uma fonte de tensão entre Washington e Berlim.
"Nós mesmos sabemos que isso é um problema, e estamos trabalhando nisso", afirmou Zypries. "Felizmente hoje mesmo soubemos que um aumento de salários foi acertado novamente, e isso significa que a demanda doméstica pode aumentar novamente, e queremos abordar os incentivos fiscais para pesquisas... então estamos bem encaminhados", acrescentou.
Cerca de 72 mil operários siderúrgicos do nordeste da Alemanha terão um aumento de 2,3 por cento nos pagamentos a partir de abril e um novo acréscimo salarial de 1,7 por cento a partir de 1º de maio, anunciou o grupo Arbeitgeberverband Stahl nesta sexta-feira.
"Os americanos precisam de nossas máquinas e nossas fábricas... e a outra questão é que só temos um superávit nas exportações do setor de máquinas e fábricas; no setor de serviços é o contrário, devido às grandes empresas de internet dos EUA", afirmou Zypries.
(Por Michelle Martin)