O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta 3ª feira (13.ago.2024) que “nem sempre a melhor resposta é aumentar juros”. Também afirmou que “às vezes, é [melhor] manter no patamar restritivo”.
A declaração foi dada ao ser perguntado por jornalistas sobre uma fala do presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, sobre o tema. Mais cedo, ao participar de audiência na Câmara, o chefe da autoridade monetária disse que a elevação da Selic será feita, se for necessária para convergir a inflação à meta.
Eis o que declarou Campos Neto:
“Em relação à possibilidade de subir os juros, ontem, tiveram duas falas de diretores, inclusive diretores apontados por esse governo, dizendo: ‘Olha, nós vamos fazer o que tiver que fazer para a inflação atingir a meta’. E, se tiver de subir os juros, se for necessário, vai ser feito.”
Haddad também afirmou que o BC precisa considerar alguns fatores antes de subir os juros. “A decisão sobre juros impacta os preços em tempo dilatado. Não acontece imediatamente. O Banco Central tem que sopesar muitas variáveis”, disse.
No entanto, declarou que “não é atribuição do Ministério da Fazenda” tratar do assunto. “O que eu estou feliz é que o Brasil está crescendo com inflação controlada”, afirmou.
Em 31 de julho, o Banco Central decidiu manter Selic inalterada em 10,50% ao ano. É 2ª vez em 2024 que o órgão toma essa decisão –ambas por unanimidade do colegiado.
INDICADO DE LULA AO BC
Fernando Haddad disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda definirá uma data com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para a sabatina do nome que será indicado pelo petista para o comando do Banco Central.
“Entrou no radar do presidente essa questão e ele ficou de discutir com o presidente Pacheco essa questão da sabatina e o calendário eleitoral […] A data vai depender dessa conversa com o presidente Pacheco. Acredito que vai ser nas próximas semanas”, afirmou.
O ministro da Fazenda também citou “esforço concentrado” para a sabatina. O indicado pelo presidente da República para chefiar a autoridade monetária precisa passar por avaliação dos senadores.
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, é o principal nome cotado para substituir Campos Neto a partir de 1º de janeiro de 2025. Ele chegou à diretoria da autarquia depois de indicação de Lula e aprovação no Senado.