Genebra, 27 set (EFE).- O crescimento do comércio mundial se situará em 2016 em 1,7%, muito abaixo dos 2,8% estimados em abril, segundo informou nesta terça-feira a Organização Mundial do Comércio (OMC).
A previsão para 2017 também foi revisada pelos economistas do organismo que rege o comércio mundial, que consideram que no ano que vem o comércio crescerá entre 1,8% e 3,1%, abaixo dos 3,6% estimados há cinco meses.
Em comunicado, a OMC lembra que o ritmo do crescimento dos intercâmbios comerciais neste ano será o menor desde a crise de 2009.
A nota, que atualiza as previsões feitas em abril, especifica que durante este ano espera-se que o PIB mundial cresça 2,2%.
A revisão para baixo destes dados se deve ao fato de o crescimento do comércio mundial na primeira metade do ano ter sido mais frágil do que o esperado, sobretudo por causa da queda da demanda de importações.
Os números tambem foram afetados por um crescimento do PIB menor do que o esperado em algumas economias emergentes -Brasil e China eminentemente- e na América do Norte, que teve um forte crescimento das importações em 2014-2015 mas que caiu desde então.
Concretamente, a maior revisão em baixa para as exportações foi para a América do Sul, dado que se prevê uma contração de 8,3%, quando em abril se esperava de 4,5% por causa do aumento da recessão no Brasil.
No entanto, se prevê que as exportações na América do Sul aumentem 4,4%, quando há seis meses foi estimado que este aumento seria de 1,9%.
A OMC ressaltou que alguns indicadores foram positivos, como as ordens de exportação e o rendimento dos contêineres nos portos, mas não foram suficientes para potencializar o crescimento global.
O comunicado indica que os números são "decepcionantes" e sublinham a "recente fraqueza na relação entre o comércio e o crescimento do PIB".
Historicamente, o comércio sempre cresceu a um ritmo de 1,5 vezes maior que o PIB; nos últimos anos esta relação se manteve em um crescimento paralelo; enquanto agora parece ter se revertido.
"Se as estimativas forem corretas, será a primeira vez em 15 anos que a proporção entre o crescimento do comércio e o PIB mundial cairá abaixo da proporção 1 a 1", especifica o texto.
Esta mudança é a razão pela qual pela primeira vez a OMC oferece uma categoria de porcentagens para suas estimativas de 2017, ao invés de números concretos.
As estimativas levam em conta o ambiente volátil da economia mundial, provocado por mudanças na política monetária de vários países desenvolvidos, a possibilidade de crescimento da retórica anti-comércio em alguns países, e as consequências do "Brexit" que debilitaram as perspectivas na UE.