O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira que tem havido um aumento das medidas de protecionismo contra produtos chineses em diversos países, que pode resultar em um menor crescimento econômico do gigante asiático, com impacto em todo o mundo emergente.
Durante palestra em um evento da Associação Brasileira de Franchising (ABF), Campos Neto explicou que a China está transicionando a sua economia para funcionar em um modelo de exportação de produtos ligados à eletrificação, mas tem havido resistência de vários governos, ele disse.
"Se a gente realmente tiver uma onda de protecionismo em relação a isso, que já está acontecendo, inclusive em países asiáticos, a gente pode ter um crescimento muito menor da China", ele disse.
Simulações apontam que essa perda de crescimento pode ser na linha de 2 até 3,5 pontos porcentuais do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o presidente do BC. "Se a China tiver uma queda de 3%, 3,5% de crescimento, vai afetar o mundo emergente, porque a China hoje é o grande motor de crescimento", afirmou.
Valorização de ações de tecnologia
O presidente do Banco Central também disse que a valorização das ações ligadas à tecnologia nos Estados Unidos é cercada de questionamentos, e um deles é que manter o crescimento exponencial de empresas de inteligência artificial exige uma energia que ainda não está disponível.
"Quem for visitar um dia a OpenAI, olhar o ChatGPT 5 e o que eles estão fazendo... não tem nem de perto a energia suficiente que precisa para continuar com esse crescimento do jeito que está sendo projetado nas ações", disse o presidente do BC.
Outro questionamento, afirmou Campos Neto, é se o mercado está precificando um crescimento muito agressivo nas ações.
Ele comentou que, nesta sexta-feira, as ações da Nvidia (NASDAQ:NVDA) caíram fortemente, mesmo após a divulgação de um balanço melhor do que era esperado.