Por Victor Borges
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira que o volume de uma operação para viabilizar exportações de empresas brasileiras para a Argentina pode subir de um desenho inicial de 140 milhões de dólares para até 600 milhões de dólares, após uma oferta de contragarantias por parte do banco de desenvolvimento latino-americano CAF.
"A equipe da Fazenda tinha estruturado uma operação menor do que 600 milhões de dólares, algo em torno de 140 milhões de dólares, que tinha como fundamento a garantia em iuanes de exportações brasileiras. A CAF entrou como uma superadora dessa possibilidade em virtude de uma vantagem para a Argentina. Com o apoio da CAF, a Argentina não precisa abrir mão dessas reservas para garantir as exportações", disse Haddad em entrevista conjunta com o ministro da Economia argentino, Sergio Massa, após reunião no Palácio do Planalto.
Haddad explicou que a contragarantia da CAF será direcionada ao Banco do Brasil (BVMF:BBAS3), que será responsável por garantir a linha para exportações de empresas brasileiras ao país vizinho por meio do Proex, programa de financiamento para pequenos e médios exportadores.
"Seria uma operação nova, mas que viria ao encontro dos interesses do Brasil e da Argentina de restabelecer o fluxo de comércio bilateral. Então, é uma maneira que a CAF encontrou de restabelecer o fluxo comercial entre os dois países, sem a necessidade de a Argentina abrir mão de reservas", afirmou.
As contragarantias são voltadas, primariamente, para o setor automotivo, mas também englobam alimentos. A proposta ainda precisa ser confirmada em uma reunião do banco em 14 de setembro, mas Haddad disse estar confiante da aprovação. Segundo ele, a CAF pretende autorizar o programa ainda em setembro.
A Argentina precisa assegurar suas baixas reservas cambiais, principalmente em iuanes, para manter seus acordos comerciais com a China, um dos seus principais parceiros econômicos. O acordo com a CAF representaria um alívio para o país, que sofre com um cenário macroeconômico sombrio, marcado pelo salto da inflação e desvalorização do peso, exacerbado por uma eleição presidencial acirrada e negociações de dívidas com o Fundo Monetário Internacional.