SÃO PAULO (Reuters) - A atividade do setor de serviços interrompeu dois meses de crescimento e estagnou em abril, iniciando o segundo trimestre com o nível mais fraco de otimismo no ano, segundo a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgada nesta sexta-feira.
Em abril, o PMI de serviços do Brasil apurado pelo IHS Markit ficou exatamente na marca de 50,0 que separa crescimento de contração. Nos dois meses anteriores o índice havia mostrado expansão ao registrar respectivamente 52,7 e 50,4 em fevereiro e março, após iniciar o ano também estagnado.
Se por um lado algumas empresas indicaram que o aumento dos novos negócios impulsionou a atividade em suas unidades, outras apontaram redução das bases de clientes combinada com condições políticas e econômicas desfavoráveis, resultando num volume menor de produção, explicou o IHS Markit.
Embora o total de novos negócios tenha aumentado no setor, esse movimento foi modesto e o mais fraco desde janeiro. Os esforços para reduzir os custos provocaram novos cortes de empregos.
Aumentos nos preços de energia, combustíveis e matérias-primas provocaram aceleração na inflação dos custos de insumos em abril, ao mesmo tempo em que várias empresas relataram aumento dos salários em sintonia com os custos de vida mais elevados.
Alguns entrevistas relataram aumento dos preços de venda devido a isso, mas outros indicaram que as pressões competitivas limitaram o poder de precificação.
No mês passado, os prestadores de serviços brasileiros mostraram preocupação com questões políticas e econômicas, o que ofuscou a expectativa de novas parcerias, mudança de governo e planos de reestruturação. Assim, o nível de otimismo no setor chegou ao recorde de baixa de quatro meses.
A fraqueza dos serviços somou-se à perda de força do setor industrial e com isso o PMI Composto do Brasil caiu a 50,6 em abril, de 51,5 em março, o nível mais baixo nos últimos quatro meses de expansão.
"Os participantes das pesquisas de indústria e serviços estavam preocupados que as questões políticas e a fraqueza econômica possam impactar as perspectivas de crescimento, o que se traduziu em uma queda no sentimento positivo", avaliou a economista do IHS Markit Pollyanna De Lima.
(Por Camila Moreira)