Por Ann Saphir
(Reuters) - Os banqueiros centrais dos Estados Unidos concordam amplamente que podem começar em breve a reduzir seu apoio à economia, mas estão divididos quanto à ameaça que a inflação alta representa e -- mais importante -- o que eles podem precisar fazer a respeito.
Alguma indicação da intensidade desse debate deve surgir nesta quarta-feira, quando o Federal Reserve divulga a ata de sua reunião de política monetária de 21 e 22 de setembro. Nesse encontro, as autoridades emitiram seu sinal mais claro até agora de que os dias da política monetária da era de crise estão contados.
Com a economia a caminho de crescer este ano em seu ritmo mais rápido em décadas, a inflação disparando bem acima da zona de conforto do Fed e o mercado de trabalho curado da devastação da pandemia do coronavírus, a maioria das autoridades acredita que é prudente começar a cortar os 120 bilhões de dólares em compras mensais de ativos que o banco central tem desembolsado para estimular a recuperação econômica.
O chair do Fed, Jerome Powell, disse no mês passado que, desde que os dados do mercado de trabalho fossem "decentes", ele espera que a redução das compras de Treasuries e títulos lastreados em hipotecas comece no próximo mês e seja concluída em meados do próximo ano.
Depois de um relatório do governo de sexta-feira mostrar que foram criadas 194 mil empregos nos EUA no mês passado, leitura bem abaixo das expectativas de muitos economistas, o vice-chair do Fed, Richard Clarida, disse na terça-feira que o objetivo de emprego estabelecido pelo Fed para o início do corte de estímulos foi atendido, embora ele não tenha mencionado especificamente novembro para o início da redução das compras de ativos.
Qualquer sugestão na ata ou em qualquer outro lugar de que as autoridades planejam acelerar ou desacelerar a redução de estímulos com base no ritmo da recuperação econômica marcaria um afastamento do padrão previsível que o Fed adotou em 2014, quando reduziu as compras de títulos implementadas para nutrir a economia de volta à saúde após a crise financeira e recessão de 2007 a 2009, e seria uma surpresa para os mercados.
O mais provável, talvez, é que a ata forneça uma nova visão das perspectivas de inflação dos formuladores de política monetária e, particularmente, se algum deles sente que, em última análise, terá que sacrificar sua meta de alcançar o pleno emprego para evitar que a inflação suba fora de controle.