Por Lucia Mutikani
WASHINGTON (Reuters) - Milhões de norte-americanos pediram auxílio-desemprego na semana passada, sugerindo que as demissões estavam se espalhando para indústrias que não foram inicialmente impactadas diretamente pelo fechamento de negócios e interrupções relacionadas ao novo coronavírus.
O relatório semanal de reivindicações de auxílio-desemprego do Departamento do Trabalho nesta quinta-feira seguiu-se à notícia de quarta-feira de que a economia no primeiro trimestre sofreu a maior contração desde a Grande Recessão. Isso encerrou a mais longa expansão da história dos Estados Unidos, à medida que a economia se recupera de bloqueios em todo o país para retardar a disseminação do Covid-19, a doença respiratória causada pelo vírus.
Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego totalizaram 3,839 milhões em dado ajustado sazonalmente para a semana encerrada em 25 de abril, informou o governo. Foi uma queda ante os 4,442 milhões na semana anterior, mas os números ainda são altos, em níveis que eram inimagináveis há apenas alguns meses.
Economistas consultados pela Reuters esperavam 3,50 milhões de reivindicações na última semana. Os pedidos de auxílio-desemprego atingiram um recorde de 6,867 milhões na semana encerrada em 28 de março.
"A demissão provavelmente permanecerá alta por um tempo, à medida que a demanda mais fraca se espalhar para os setores que não foram afetados diretamente pelas paralisações", disse Andrew Hollenhorst, economista do Citigroup em Nova York.
Os registros da semana passada elevaram o número de pessoas que buscavam auxílio-desemprego para cerca de 30 milhões desde 21 de março, aproximadamente 18,4% da população em idade ativa.
Os crescentes índices de desemprego implicam um salto na taxa de desemprego para acima de 15% em abril.
Economistas, no entanto, afirmam que isso é improvável devido à natureza da perda de empregos durante os bloqueios. O governo permitiu que pessoas temporariamente desempregadas, por razões relacionadas ao Covid-19, pedissem auxílio-emprego.
Isso inclui aqueles em quarentena com a expectativa de retornar ao trabalho, bem como as pessoas que deixam o emprego devido ao risco de exposição ou infecção ou para cuidar de um membro da família.
GASTOS DO CONSUMIDOR
Os gastos dos consumidores dos EUA tiveram a maior queda já registrada em março, diante das ordens para que as pessoas permanecessem em casa.
O Departamento do Comércio informou nesta quinta-feira que os gastos do consumidor, que responder por mais de dois terços da atividade econômica, despencaram 7,5% no mês passado após subirem 0,2% em fevereiro. Economistas estimavam queda em março de 5,0% de acordo com pesquisa da Reuters.
A queda foi mais de três vezes maior do que o recorde anterior de 2,1% em janeiro de 1987. O Departamento do Comércio começou a compilar os dados em 1959.
(Reportagem de Lucia Mutikani)