WASHINGTON (Reuters) - O número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego aumentou inesperadamente na semana passada, o que pode elevar os temores de que a pandemia de Covid-19 esteja causando danos duradouros ao mercado de trabalho dos Estados Unidos.
Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego totalizaram 898 mil na semana encerrada em 10 de outubro, em dados com ajuste sazonal, contra leitura de 845 mil na semana anterior, informou o Departamento do Trabalho dos EUA nesta quinta-feira.
Economistas consultados pela Reuters esperavam 825 mil solicitações de auxílio para a última semana.
O fraco mercado de trabalho e as dificuldades econômicas resultantes são os principais obstáculos para as chances do presidente Donald Trump de conseguir um segundo mandato na Casa Branca depois que os norte-americanos forem às urnas em 3 de novembro. O ex-vice-presidente dos EUA, Joe Biden, candidato à presidência pelo Partido Democrata, tem culpado a administração Trump e sua forma de lidar com a crise do coronavírus pelo pior estado econômico em pelo menos 73 anos.
Após sete meses desde o início da pandemia nos Estados Unidos, as reivindicações de auxílio-desemprego permanecem bem acima do pico de 665 mil alcançado durante a Grande Recessão de 2007 e 2009, embora abaixo do recorde de 6,867 milhões registrados em março. Cerca de 3,8 milhões de pessoas perderam seus empregos permanentemente em setembro, com outros 2,4 milhões estando desempregados por mais de seis meses.
Com a Casa Branca e o Congresso dos EUA lutando para chegar a um acordo sobre outro pacote de ajuda para empresas e desempregados, as solicitações provavelmente permanecerão elevados.
Dezenas de milhares de trabalhadores de companhias aéreas foram dispensados, enquanto os orçamentos dos governos estaduais e locais foram afetados pela pandemia, levando a demissões que devem aumentar sem a ajuda do governo federal.
O alto desemprego e o ressurgimento de novos casos de coronavírus nos Estados Unidos ameaçam a recuperação da economia diante de uma recessão iniciada em fevereiro.
Embora a atividade econômica tenha se recuperado no terceiro trimestre por causa do estímulo fiscal, os pedidos de auxílio-desemprego teimosamente altos sugerem que o ímpeto perdeu força no início do quarto trimestre.
(Por Lucia Mutikani)