Por Silvio Cascione
BRASÍLIA (Reuters) - A recessão no Brasil continuou no segundo trimestre mas parece estar perto do fim, segundo pesquisa da Reuters publicada nesta sexta-feira, com economistas apontando sinais de melhora da confiança e de crescimento da indústria.
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve ter caído 0,5 por cento entre abril e junho sobre o primeiro trimestre deste ano, com ajuste sazonal, no que seria a sexta queda consecutiva do indicador, segundo a mediana de 24 projeções. As estimativas variaram entre alta de 0,6 por cento e baixa de 0,9 por cento.
O PIB recuou 0,3 por cento entre janeiro e março e deve ter baixa de mais de 3 por cento em 2016 como um todo. A recessão, já em seu segundo ano, caminha para ser a pior já registrada no país em mais de cem anos.
Na comparação anual, o PIB deve ter contraído 3,6 por cento em relação ao segundo trimestre de 2015, reduzindo a intensidade da baixa após queda de 5,4 por cento no primeiro trimestre. As projeções, neste caso, variaram entre retração de 3,1 e 4,8 por cento.
Os dados do segundo trimestre devem mostrar mais queda no consumo das famílias, a sexta consecutiva, segundo economistas na pesquisa. Os investimentos também devem ter recuado, prolongando a sequência negativa iniciada em 2013, embora alguns analistas tenham dito que o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff pode ter encorajado algumas empresas a descongelar projetos de investimento.
"A recessão chegou ao fundo do poço no meio de 2016," disse o diretor para a América Latina da Moody's Analytics, Alfredo Coutino, acrescentando que a economia deve começar a crescer novamente ainda antes do final do ano.
Mais de 1,7 milhão de brasileiros perderam o emprego nos últimos 12 meses. A crise custou ao Brasil o grau de investimento pelas agências de classificação de risco e ajudou a desestabilizar o governo de Dilma, que deve ser definitivamente afastada da Presidência na próxima semana pelo Senado.
Os primeiros sinais de recuperação vieram da melhora na confiança dos consumidores e dos empresários, que saíram das mínimas históricas. A produção industrial também voltou a crescer, ajudada pelo câmbio, que tem desencorajado importações.
A indústria não cresce desde o primeiro trimestre de 2014, segundo os dados do PIB.
"Após quase três anos de recessão da indústria, acreditamos que o setor se estabilizou e está começando a ganhar impulso," escreveu o economista do Morgan Stanley (NYSE:MS), Arthur Carvalho. "Claro, isso vem sobre uma base muito deprimida, mas ainda assim é uma recuperação."
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga os dados na quarta-feira às 9h.