Por Leigh Thomas e Marius Zaharia
PARIS/HONG KONG (Reuters) - A atividade empresarial entrou em colapso da Austrália e do Japão à Europa Ocidental em um ritmo recorde em março, à medida que ações para conter o coronavírus golpeiam a economia mundial.
Nos Estados Unidos, a atividade de negócios recuou ainda mais em março, atingindo uma mínima recorde, com a pandemia de coronavírus pressionando os setores de manufatura e serviços e reforçando a visão dos economistas de que a economia norte-americana já está em recessão.
O IHS Markit disse nesta terça-feira que seu Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês Composto preliminar caiu para uma leitura de 40,5 este mês. Esse foi o nível mais baixo de todos os tempos, ante 49,6 em fevereiro. Uma leitura abaixo de 50 indica contração.
"O surto de coronavírus representa um grande choque externo para a perspectiva macro, semelhante a um desastre natural em larga escala", disseram analistas do BlackRock Investment Institute em nota.
A atividade nos 19 países que usam o euro desmoronou, conforme os países determinaram paralisação de serviços para conter a propagação da doença, fechando lojas, restaurantes e escritórios.
O dado preliminar do PMI composto do IHS Markit para a zona do euro --visto como um bom indicador de saúde econômica-- desabou a uma mínima recorde de 31,4 em março.
Essa foi de longe a maior queda de um mês desde que a pesquisa começou em meados de 1998 e veio abaixo de todas as previsões de uma pesquisa da Reuters, que havia mostrado leitura de 38,8, pela mediana das estimativas.
O IHS Markit disse que os números de março sugerem que a economia da zona do euro está encolhendo a uma taxa trimestral de cerca de 2%, e a escalada das medidas para conter o vírus poderá agravar a crise.
No Japão, as pesquisas do PMI mostraram que o setor de serviços encolheu em seu ritmo mais rápido já registrado neste mês e que a atividade fabril contraiu na velocidade mais rápida em uma década.
Os dados são consistentes com uma retração de 4% em 2020, disse o economista sênior da Capital Economics, Marcel Theliant. O adiamento das Olimpíadas de Tóquio deve causar um duro golpe à terceira maior economia do mundo.
ESTÍMULO INFINITO
Com a maioria dos mercados financeiros afundando, os bancos centrais globais vêm adotando medidas extraordinárias quase diariamente para deter o colapso.
Mas alguns analistas dizem que a flexibilização infinita da política monetária pode não ser suficiente e as etapas fiscais são cruciais. O mais recente esforço dos EUA nessa frente permanece estagnado no Senado, pois os democratas disseram que o pacote analisado reservava muito pouco dinheiro para hospitais e limites insuficientes de financiamentos a grandes empresas.
"Para que a economia norte-americana possa sair da crise atual e da recessão relativamente ilesa, serão necessárias intervenções de política mais radicais nas próximas semanas", disse Anna Stupnytska, chefe global de estratégia macro e de investimentos da Fidelity International.
(Reportagem de Jonathan Cable em Londres and Michael Nienabar em Berlim)