Por Mateus Maia
BRASÍLIA (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) não mudará sua política para os preços dos combustíveis, que tem sofrido pressão de uma greve de caminhoneiros e de políticos, e o governo continua atrás de uma solução para evitar fortes repasses para os consumidores, apesar dos argumentos de que não há como reduzir impostos agora.
"Eu quero enfatizar mais uma vez que já na abertura da reunião nos foi comunicado que, em hipótese alguma, em nenhum momento, passou pela cabeça do governo que poderia pedir qualquer mudança numa política que é da exclusiva alçada da Petrobras" afirmou a jornalistas o presidente da estatal, Pedro Parente.
O executivo fez a afirmação após ser chamado para uma reunião com os ministros de Minas e Energia, Moreira Franco, e da Fazenda, Eduardo Guardia, para discutir questões relacionadas aos combustíveis.
Guardia foi no mesmo caminho de Parente, acrescentando no entanto que ainda não havia decisão fechada sobre como amenizar o repasse dos preços, que já subiram cerca de 50 por cento nas refinarias da estatal, desde julho do ano passado, na esteira dos ganhos do mercado internacional e do câmbio.
"Em nenhum momento o governo solicitou à Petrobras que alterasse sua política de preços... Apenas solicitamos ao presidente Pedro Parente que viesse aqui para trazer mais informações sobre o tema", afirmou o ministro.
"(Ainda) não tem decisão. Quando tiver decisão, a gente comunica", acrescentou ele.
A estatal tem praticado desde julho do ano passado reajustes até diários dos combustíveis para seguir as cotações internacionais, mas a alta nos preços do petróleo neste ano tem levado os preços da gasolina e do diesel às máximas nas refinarias desde o início dessa política.
Assim, o governo tem se debruçado em buscar alternativas para evitar os fortes repasses.
Na noite passada, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que o presidente Michel Temer estava preocupado com a alta constante dos combustíveis e queria dar mais previsibilidade aos preços para que as elevações sejam mais palatáveis para os cidadãos.
Uma das alternativas colocadas na mesa seria a redução de tributos sobre combustíveis, fortemente rechaçada pela equipe econômica, que se debate para lidar com enormes rombos fiscais. Assim, Guardia mais uma vez reforçou que o espaço fiscal era pequeno para corte de impostos.
PREÇO MENOR
Parente explicou ainda que uma redução nos preços da gasolina e no diesel nas refinarias anunciada para quarta-feira ocorreu pela variação do câmbio.
"A redução de hoje é simples de entender, uma redução importante de câmbio ontem... então é prova de que essa política funciona tanto na direção de subir os preços quanto de cair os preços", disse Parente após a reunião com ministros.
O dólar fechou a véspera com queda superior a 1 por cento e abaixo do patamar de 3,70 reais, após ter subido nos seis pregões anteriores, depois de atuação mais forte do Banco Central no mercado de câmbio, fator também considerado na política da Petrobras.
A redução anunciada pela Petrobras para o diesel e a gasolina, de 1,54 e 2,08 por cento, respectivamente, foi o primeiro corte nos preços desde 3 de maio.
O anúncio veio em meio ao segundo dia de protestos realizados por caminhoneiros contra a alta dos combustíveis. O movimento voltou a bloquear rodovias e o porto de Santos nesta terça-feira.