Antonio Broto.
Pequim, 21 out (EFE).- O PIB da China cresceu 7,3% no terceiro trimestre deste ano, dois décimos a menos que no segundo e o pior número em mais de cinco anos, um indicador que mostra como persiste a desaceleração da segunda maior economia do mundo.
O Departamento Nacional de Estatísticas da China (NBS, sigla em inglês) publicou nesta terça-feira vários indicadores, entre eles o crescimento econômico mais baixo desde o primeiro trimestre de 2009, quando o país já sentia os efeitos da crise financeira mundial e teve apenas 6,2% de expansão.
Muitos analistas esperavam um crescimento trimestral ainda menor que o anunciado, de cerca de 7,2%, por isso esse número pode ser lido de forma positiva por Pequim e usado como argumento para não tomar algumas medidas, como cortes de gastos e estímulos financeiros, segundo esses mesmos observadores.
Neste sentido, o porta-voz do NBS, Sheng Laiyun, classificou hoje o atual ritmo de crescimento chinês, de entre 7% e 8% desde o ano passado, como a "nova normalidade", após anos com uma expansão próxima de dois dígitos.
O país asiático, segundo o porta-voz, manterá estáveis suas políticas macroeconômicas, mas não descartou ajustes futuros, visando o longo prazo, "para garantir o crescimento estável e sustentável".
Segundo os números do NBS, durante os primeiros nove meses de 2014 o crescimento da China ficou em 7,4%, um décimo a menos que a meta estabelecida pelo regime comunista para o fim do ano, de 7,5%.
O PIB total de janeiro a setembro chegou a 41,99 trilhões de iuanes (US$ 6,86 trilhões), destacou o NBS, que defendeu que, ao longo de 2014, a China "manteve a estabilidade enquanto promovia a reforma e a inovação".
O NBS também publicou hoje os números das vendas no varejo, o principal indicador de consumo no país, que entre janeiro e setembro chegou a 18,91 trilhões de iuanes (US$ 3,08 trilhões), um crescimento de 12% em estimativa anual.
Apesar de essa expansão ser superior a do PIB, isso também é um sinal de desaquecimento da economia, já que na primeira metade do ano o crescimento do consumo tinha sido de 12,1%.
Por outro lado, o investimento em ativos fixos somou 35,77 trilhões de iuanes (US$ 5,84 trilhões) nos três primeiros trimestres de 2014, um crescimento de 16,1% em relação ao mesmo período de 2013, mas 1,2% menor que a expansão do primeiro semestre.
Um exemplo da persistente desaceleração da economia chinesa pode se visto no setor imobiliário, no qual os investimentos no período janeiro-setembro chegaram a 6,87 trilhões de iuanes (US$ 1,12 trilhão).
Isso representou um aumento de 12,5% em relação ao mesmo período de 2013, mas no primeiro semestre o crescimento anualizado tinha sido de 14,1%.
Nos últimos anos, o governo chinês adotou várias medidas para conter a bolha imobiliária no país, entre elas limitar a compra de outros imóveis nas grandes cidades para pessoas que já possuem uma propriedade e instaurar impostos para a habitação em algumas metrópoles, mas essas limitações foram relaxadas nos últimos meses.
Em contraste com os números de hoje, a alfândega chinesa publicou na semana passada indicadores positivos de comércio exterior, já que em setembro a China duplicou seu superávit comercial em relação ao mesmo mês de 2012 e conseguiu o maior crescimento das exportações dos últimos 19 meses.
Além disso, a inflação do mês passado foi uma das mais baixas dos últimos cinco anos, de apenas 1,6%.